Em suas 31 edições, a Mercopar se consolidou como um ótimo palco para quem deseja lançar novos produtos no mercado ou apresentar as novidades e melhorias em soluções já existentes. Esta é a percepção do especialista em indústria inteligente do Sebrae, Fabiano Dallacorte, e das próprias empresas ouvidas pela reportagem nesta sexta-feira (21), último dia da feira em Caxias do Sul.
As novidades, principalmente aquelas dotadas de alta tecnologia, despertam a curiosidade, enchem os olhos do público e, claro, geram boas oportunidades de negócio para os 512 expositores deste ano — número recorde da feira.
— A Mercopar vem em uma evolução, sendo que nas últimas edições se transformou em uma feira de tecnologia. A indústria do futuro depende da tecnologia. Então, a Mercopar acompanha essa evolução de mercado, identifica essa necessidade de o expositor trazer essa tecnologia e mostrar que é possível implementá-la na indústria. Os expositores reservam o espaço da Mercopar para fazerem os seus lançamentos — avalia Dallacorte.
Entre as justificativas para os processos cada vez mais tecnológicos estão maior velocidade de produção, processos mais seguros, menor custo competitivo — tudo sem deixar o viés humano de lado, como ressaltam os expositores.
— Equivocadamente, as pessoas acabam se confundindo. Os robôs, por exemplo, entram em trabalhos repetitivos, trabalhos que podem causar problemas de saúde, em áreas muito íngremes. Eu já trabalho com essa área há 30 anos e nunca vi uma empresa colocar um robô e desligar um funcionário — defende o diretor da Sachet Tecnologia em Automação e Robótica, Eduardo Sachet.
Embora os itens tecnológicos sejam um "chamariz" para quem circula entre os corredores, o especialista do Sebrae pontua que a feira também consegue dar visibilidade a máquinas e equipamentos mais "tradicionais", os quais podem ter incremento tecnológico a partir das suas próprias necessidades.
— Temos uma base de tecnologia que conectam esses equipamentos, que ajuda a aumentar essa produtividade, como o robô colaborativo, como o óculos de realidade aumentada. Tudo isso acontece junto aqui na Mercopar — analisa Fabiano Dallacorte.
Confira a seguir cinco inovações que chamaram a atenção na Mercopar 2022, seja pelo ineditismo na feira ou pelo acréscimo de funcionalidades desde as últimas edições.
Robô colaborativo com câmeras que avaliam peças
Um robô colaborativo, dotado de duas câmeras, foi uma das soluções apresentadas de forma inédita na feira deste ano. O equipamento foi desenvolvido para fazer a inspeção de freios de caminhão, atendendo a uma necessidade da Master Sistemas Automotivos, controlada das Empresas Randon. A iniciativa é da Rede RS Indústria 4.0, em parceria com o Sebrae RS e o Senai-RS.
— As câmeras avaliam diversas características do produto final. Uma delas avalia peças coloridas e a outra avalia peças preto e branco e em escala de cinza. Nesse caso, é feita a inspeção final que seria feita por uma pessoa — explica Volnei Padilha Borges, assistente de serviços técnicos e tecnológicos do Senai Mecatrônica.
O objetivo, segundo Volnei, é tornar a inspeção mais ágil, mais segura, além de promover a rastreabilidade, porque o processo alimenta um sistema com todas as informações necessárias. Já o que o torna o equipamento um robô colaborativo é porque a estrutura pode assumir um modo de segurança, trabalhando de forma conjunta com humanos.
Máquina de corte é lançada na feira
Voltada tradicionalmente à peças consumíveis de corte térmico, a B&Bartoni, com matriz na República Tcheca e cujo centro tecnológico está localizado em São Leopoldo, aproveitou a 31ª edição da Mercopar para fazer o lançamento de uma máquina de corte 100% nacional.
— Essa máquina de corte foi projetada a partir de uma expertise da Bartoni de 21 anos vendendo e produzindo consumíveis de corte térmico e laser. Foi absorvida todas as informações e necessidades (das empresas) para o lançamento de um equipamento que suprisse todas as exigências do mercado. É uma máquina que atende a maioria das indústrias e metalúrgicas que temos no Brasil e fora daqui também — explica o gerente de Engenharia Robson Camargo.
Segundo ele, o equipamento teve boa aceitação na feira, inclusive com negociações firmadas.
— É uma máquina com tecnologia de ponta, que permite o diagnóstico remoto, o que é muito necessário, porque vamos vender na Europa e a assistência técnica é local — finaliza Camargo.
Robô movimenta caixas com até 20kg
Pela primeira vez na Mercopar, o robô colaborativo da empresa caxiense Sachet Tecnologia em Automação e Robótica é capaz de manusear caixas com peso de até 20 quilos. A também chamada célula robótica, que pode interagir de forma conjunta e segura com um operador, alcança mais de três metros de altura.
— Este robô faz o processo de paletização, a carga e a descarga. Então, ele pega uma caixa de uma determinada posição e coloca em outro local. Mostramos aqui a flexibilidade dele e o poder de alcance. O robô consegue atingir até 3,5 metros de altura, num raio de dois metros — detalha o diretor da empresa, Eduardo Sachet.
Entre os benefícios descritos por Sachet está a padronização do processo, a qualidade e a confiabilidade:
— O robô não tem o desgaste, que é natural do ser humano. Mas é importante dizer que ele vem para substituir os processos e não as pessoas.
A empresa caxiense vende soluções para o mercado do RS e outros estados do Brasil. As demandas para o robô que movimenta até 20 quilos vêm das áreas alimentícia, farmacêutica, além de autopeças e montadoras.
Software identifica movimentos humanos
Um software desenvolvido pela empresa EasyPro Tecnologia, de Campo Bom, faz a análise do método de trabalho através da filmagem. Funciona assim: uma câmera faz a filmagem e, após, é possível, por meio das imagens, medir e ver os movimentos de um operador de uma determinada função, por exemplo. O objetivo é melhorar a eficiência dos processos.
— Através do estudo de movimentos, pode ser feita a melhoria de processos ou trabalhar a questão da ergonomia e toda essa parte que envolva o controle de atividades. É utilizada a visão computacional — diz o engenheiro Silvio Correa.
A solução da EasyPro Tecnologia atende clientes não só do RS, como também de Santa Catarina e do Paraná.
— Atendemos bastante clientes da parte do calçado, confecção, além de metalmecânicas —diz Silvio.
Carregador veicular mais tecnológico
Outro produto que ganhou novas e importantes funções para a Mercopar deste ano foi o carregador veicular da Saltitec, de Novo Hamburgo. Agora, o equipamento conta com uma visor touch screen, que mostra informações em tempo real, como amperagem, capacidade de produção e o custo da energia. O carregador também tem conectividade, sendo possível, em breve, acessá-lo com QR Code.
— É um aparelho bem mais completo, automatizado. É possível saber quanto está te custando essa carga. Você carrega a bateria e ele vai somar quanto consumiu — explica o diretor da empresa, Alessandro Saltini.
O carregador é comercializado, segundo Saltini, tanto para os clientes finais, que são aqueles que adquirem carros elétricos, como também para uso coletivo, como em condomínios e estacionamentos.
— O carregador que acompanha o carro elétrico é um carregador de muito pouca capacidade. Então, às vezes, um carro chega a ficar um dia carregando. Com este equipamento, conseguimos diminuir bastante este tempo — pontua.
Outro diferencial é que o equipamento pode ser acessado apenas com o uso de senha, tornando-o mais seguro para quem adquirir. O carregador da Saltitec é ligado na rede elétrica comum e pode ser alimentado também com a energia solar.