Entre os novos modelos de trabalho, há profissionais, hoje, que levam em conta mais do que o salário para escolher onde trabalhar e viver. Pessoas que geralmente são referências, avaliam a qualidade de vida de uma cidade, as oportunidades para si e a para a família e, até mesmo, se o ambiente é inovador. Assim, cada vez mais não só as empresas, mas as cidades, têm grandes desafios para manter talentos. Caxias do Sul, como a segunda maior cidade do Estado, e uma referência para o setor industrial tem atraído muitos profissionais, mas, ao mesmo tempo, percebe constantemente a busca das pessoas por oportunidades em grandes centros do país e até exterior. O que fazer para lidar com essa realidade, que não é só de Caxias, mas do Brasil?
De acordo com o Índice de Inclusão Social e Digital (IISD), que analisa 281 indicadores das áreas social, econômica, fiscal e digital, Caxias do Sul é a 18ª cidade com melhor qualidade de vida no Brasil. Ainda conforme o estudo da Editora Três e da consultoria Austin Rating, publicado na revista IstoÉ, o município que tem a melhor qualidade de vida do Rio Grande do Sul. Da mesma forma, de acordo com os índices de Desafios da Gestão Municipal de 2021, que compara o desenvolvimento dos 100 maiores municípios brasileiros a partir dos temas educação, segurança, saneamento e saúde, Caxias também aparece como a melhor cidade do Estado para se morar, além de ser a oitava melhor da região Sul.
O desafio para manter talentos, aliás, não é novo. Em 2019, a FGV Social mostrou em pesquisa que 47% dos jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, queriam deixar o Brasil _ um recorde no levantamento feito desde 2005. Assim, surge a insistente pergunta: o que fazer para que profissionais escolham permanecer ou até vir para cá?
Thomas Job, 36, que faz parte do Instituto Hélice - voltado para colaboração de empresas para atingir a inovação a partir da conexão com startups - analisa que o esforço atual é para criar "atrativos" para que os talentos escolham construir uma vida na região. Hoje, a questão vai além do salário, como explica Job.
— Está em questão de educação, tem competências locais para aprender, mas também para a família e os filhos. Outro aspecto é a questão cultural, de lazer e atrativos do que fazer; a qualidade da vida, como a qualidade do ar, o ruído, se a pessoa se sente bem e acesso a água limpa — exemplifica Job.
Os fatores que podem manter talentos
:: Boa qualidade de trabalho
:: Remuneração
:: Investimento para empreendedores
:: Ambiente de apoio para permitir crescimento aos empreendedores, como legislações favoráveis
:: Conexão com entidades e profissionais locais, para troca de aprendizados
:: Qualidade de vida
— Caxias e a região atendem muitos destes atributos. De certa maneira, estamos num caminho correto e conseguimos atrair talentos. Mas, quando comparamos a níveis globais, temos um longo caminho pela frente — avalia Job, que destaca as "ótimas oportunidades a nível nacional" de Caxias, o bom nível educacional da cidade e a qualidade de vida.
O membro do Instituto Hélice cita também uma outra "isca" importante para atrair talentos, que envolve toda a região.
— Destacaria algo que pode ser promovido ainda mais como região que são nossas belezas naturais e nosso turismo, que também é qualidade de vida. Temos possibilidade de lazer e de entretenimento. Às vezes, as pessoas visitam e podem pensar, 'Como seria morar aqui?' — completa Job.
Caxias desenvolve ambiente favorável
A prefeitura de Caxias, em maio, reduziu de 4% para 2% o ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) para empresas de base tecnológica. A ação parece colher os primeiros frutos. A pedido da reportagem, a Receita Federal calculou que a cidade ganhou 44 novas empresas de tecnologia no primeiro semestre de 2022, pulando de 342 para 386 (veja no quadro abaixo).
— O CNPJ não morre de amores por uma cidade, ele vai onde tem um ambiente mais agradável para ele e favorável, em especial um lugar onde paga menos impostos — relata o secretário municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego de Caxias, Élvio Gianni
A redução do imposto não foi a única ação voltada para desenvolver este ambiente. Com o Programa Inova Caxias, existe a possibilidade de empresas que não são de base tecnológica apresentarem projetos inovadores para a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego (SDETE). As pesquisas são avaliadas e podem receber um certificado, que dará a redução do ISSQN também para essas empresas. Hoje, a pasta conta com mais de 10 projetos em análise, em que os primeiros certificados devem ser entregues em agosto.
— As pessoas pensam que inovação é colocar tecnologia, mas, na verdade, é mudar a cabeça. Depois, a tecnologia vem para melhorar a vida das pessoas. Estamos trabalhando para desenvolver o ambiente favorável de Caxias com o olhar dentro da administração pública, porque precisamos estar falando a mesma língua que a comunidade, e o olhar de desenvolvimento econômico — nota o secretário.
O secretário lembra que no estudo do IISD, Caxias aparece como a sétima mais inovadora do Brasil. A formação deste ambiente, conforme Gianni, se dá ainda pela colaboração entre as diversas entidades do município, como associações, sindicatos e universidades, bem como a parceria entre as cidades da Serra, levando em conta que toda a região pode se beneficiar com o desenvolvimento econômico e de inovação.
Para reforçar isso, Caxias entrou na Tech Road - Rodovia da Tecnologia com Porto Alegre, Joinville, Florianópolis e Curitiba, formando o maior polo de capital tecnológico do Brasil. A parceria visa atrair investimentos, formar talentos e compartilhar boas práticas de administração pública. Caxias, assim, busca desenvolver um ambiente, que já conta com características fortes.
— Temos uma indústria forte e inovadora em todos os segmentos, isso atrai muito e acaba retendo muitos talentos. Também temos uma agricultura em que somos os maiores produtores hortifrutigranjeiros do Estado e fornecemos para todo o Brasil. Por consequência, nosso comércio e serviços também — destaca Gianni.
O desafio da mão de obra
O desafio de atrair novos profissionais também é uma realidade que se junta à situação de capacitar mão de obra em Caxias. De acordo com levantamento da prefeitura, há 800 vagas abertas no setor de tecnologia e cinco mil postos, calculando todos os segmentos.
Para preencher as vagas, a prefeitura conta com o Conselho e Fundo Municipal de Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia, formado por representantes do setor privado, de pesquisa, como FSG, Ftec, Sebrae, Trino Polo e Instituto Hélice e da administração pública. Criado para fomentar a inovação, o grupo também deve auxiliar em um programa para capacitação com foco nos setores tecnológicos.
— Esse público, nós estamos perdendo para a concorrência de outros estados e até de outros países. Por um lado, somos a sétima cidade mais inovadora, mas temos isso como uma dificuldade, a capacitação — descreve o secretário.
Para as outras vagas, a Sdete conta com o Conselho e Fundo Municipal do Trabalho e Emprego. Este grupo tem o planejamento de oferecer o ensino conforme a necessidade de mão de obra para gerar empregabilidade, a partir de um levantamento feito com seis entidades de empresários e trabalhadores. Em breve, editais devem ser abertos para o oferecimento de capacitação.
Caxias precisa de um espaço criativo
Uma das coordenadoras do Projeto São Pelegrino e diretora da Biossplena inteligência urbana, Giovana Ulian, vê a importância da inovação em Caxias, uma vez que o município já tem um terreno fértil com o DNA empreendedor. A engenheira civil acredita que existe a necessidade de uma inclusão de novas economias para que a cidade, que tem uma base industrial, avance no desenvolvimento. A ideia é ter outras alternativas para "equilibrar o jeitão caxiense", que possui um forma de operar mais conservadora.
— Um dos caminhos é a economia criativa, é começar a trazer as nuances da arte, cultura, criatividade, o que chamamos de territórios criativos, locais que possibilitem dentro da cidade as pessoas que gostam dessa vibe do criar, do inventar, do se inspirar, precisamos disso, e Caxias não tem esse lugar — acrescenta a engenheira civil.
O objetivo do Projeto São Pelegrino é dar este espaço a Caxias. Sem esse centro e inclusão, Giovana percebe que o município perde jovens talentos, que fazem parte de uma geração que não se apega a patrimônios e busca o lugar que se adeque melhor aos seus objetivos. Para ela, o elemento chave para desenvolver o ambiente de retenção de talentos é a complexidade, em seu significado técnico.
— É a mistura de coisas, de pessoas, de atividades dentro de um espaço. É fazer com que vários tipos de negócios e de classes sociais habitem um lugar. É essa a complexidade, em que leia-se a mistura de diversidade, quantidade de atividades, negócios e pessoas, que acontecem dentro do mesmo espaço. É ali que as coisas proliferam, cria-se um ciclo virtuoso de situações. Deveríamos ter esse endereço em Caxias, um local que consiga promover isso. E isso tem que estar inserido na cidade consolidado — explica a coordenadora.
Um exemplo citado por Giovana está em São Paulo, que é o Beco do Batman. Mesmo com estrutura simples, o beco permitiu que as paredes ganhassem grafites. Hoje, é uma atração turística muito visitada na capital paulista. Usando uma metáfora com linguagem de computadores, a coordenadora do Projeto São Pelegrino chama atenção que um espaço como esse deve ser como um software (parte de um sistema), que se adeque a diferentes situações, e não um hardware (apenas um peça), feito para atender uma necessidade específica.
— Tenho certeza que quando as pessoas se misturam, ali saem negócios e ideias. Novas redes neurais surgem para que saindo dali, as pessoas possam aplicar nas suas realidades — descreve a engenheira civil.
A coordenadora do Projeto São Pelegrino concorda sobre os atrativos de Caxias, mas acredita que ainda não existe uma "teia" entre eles. Ou seja, uma conexão orgânica. Esse endereço físico cumpriria com mais este objetivo.
— Eu vejo que São Pelegrino é o local que mais tem esse potencial. Ali tem feiras, edificações do patrimônio histórico, foi o endereço de grandes negócios, tem a Estação Férrea, tem a história da cidade e é um bairro tradicional, com bares e restaurantes. Só precisaria unir mais essas pontas, conseguir fazer com que essas coisas avancem juntas — sugere Giovana.
As visões sobre Caxias
Por diferentes contextos e motivações, talentos vem e vão de Caxias, como acontece em todo o Brasil. É difícil comparar o município com outras cidades, até mesmo por diferenças culturais e a região em que estão inseridas. Ao mesmo tempo, há o contexto que levou cada cidadão a um destino. Os relatos, assim, mostram que os viajados conseguem sentir o que os atrai mais em determinado lugar, ou o que percebem em relação ao cenário caxiense.
De Caxias a Londres
O casal Lucas Daneluz, 33, e Taisa Echer, 31, está em Londres desde 2016, quando buscavam uma experiência de vida e profissional fora do país. Daneluz já havia passado pela cidade britânica, o que facilitou a escolha. O profissional de comércio exterior avalia que é um local mais fácil de se estabelecer, em comparação com outros destinos, e o idioma também ajudou na decisão.
— (A escolha de) Londres foi muito também por uma questão de oportunidade de trabalho, no fim do dia — completa Taisa, que é designer UX.
Já a escolha de deixar o país também tem relação com a qualidade de vida. Em Londres, o casal vê um ganho no aspecto, mesmo não possuindo "alguns confortos" como tinham em Caxias. No Reino Unido, Daneluz e Taisa não têm carro, o que os dois gostam.
— A decisão foi pautada também pela questão da violência. Sabemos que o Brasil é muito problemático quanto a isso — relata Daneluz.
Há também a experiência profissional. A designer cita que existe a possibilidade de ter contato com diversas culturas e experimentar um novo mercado, além de observar como ele se adapta a diferentes necessidades.
— O que pode influenciar as pessoas a não ficarem em Caxias é por, talvez, existir ainda a cultura muito tradicional, com um jeito muito antigo de gerenciar empresas. Ter que estar 7h e sair 17h, ou valer mais tu estar presente do que realmente entregar. É uma questão que espero que esteja mudando no Brasil — opina o profissional de comércio exterior.
O casal, que visitou Caxias em 2022 depois de três anos sem vir para cá, notou o desenvolvimento no município.
— Parece uma cidade melhor para se morar do que em 2016 — avalia Daneluz.
Oportunidades
Em 2014, em busca do sonho de trabalhar no setor de marketing de uma grande rede de varejos, Denise Cervelin, 34, saiu de Caxias para Porto Alegre. Quatro anos depois, a gerente de produtos digitais teve uma nova oportunidade, em São Paulo, em outra grande marca do ramo. Na capital paulista, trabalhou ainda em uma das maiores empresas de cosméticos do país. Hoje, Denise entende, que conforme a área - como a dela, há regiões que podem oferecer mais oportunidades, enquanto Caxias ainda possui mais oferta em setores ligados à indústria.
— Quando saímos de Caxias, dependendo do mercado que atuamos, é que conseguimos entender a potência gigantesca que a carreira pode tomar aqui fora — pontua Denise.
A caxiense destaca que a experiência em grandes empresas a proporcionou trabalhar com grandes orçamentos, ter projetos inovadores, criar uma rica rede profissional - a partir também de uma grande oferta de eventos, e valorizar o currículo, o que dá mais visibilidade ao profissional.
— Para quem está buscando uma carreira, que vá ter esse tipo de crescimento, acho que conseguimos fora de Caxias de forma mais facilitada — comenta a gerente de produtos digitais.
A profissional de marketing também chama atenção para questões culturais do mercado. Denise exemplifica com as políticas de diversidade, o que gera pluralidade nas trocas entre colaboradores; e ações que priorizem o bem-estar do profissional, como mais oferta de feriados, proporcionando descanso e lazer ao colaborador, o que, no fim, ajuda na produtividade.
— Eu vejo um mentalidade que é mais conectada com a cultura que se criou na Revolução Industrial. Cultura de produtividade, de horário, em que a pessoa tem que sentar na frente para eu ver o que está produzindo, do que uma cultura de um mundo pulsante e de constante mudanças que a gente vive hoje — vê Denise, que acredita que, aos poucos, o cenário está mudando, apesar da essência ainda existir.
Denise também viveu a situação de ter a oportunidade de ter períodos nos empregos em que podia participar de atividades de outros setores ou até de grupos de pesquisa, o que, para ela, contribui com o aprendizado e desenvolvimento de habilidades.
Em 2022, a gerente de produtos digitais decidiu tirar um ano sabático, se juntando ao movimento chamado The Great Resignation (ou, a grande renúncia). Nesta onda, muitos trabalhadores estão pedindo demissão no pós-pandemia. A LCA Consultores calcula que quase 6,2 milhões de pedidos de demissão foram feitos entre junho de 2021 e maio de 2022. Muitos casos são de profissionais que não concordam mais com a política ou modelo de trabalho da empresa, o que é um alerta sobre a gestão de negócios. Vale citar, que essa não foi a motivação de Denise.
Desenvolvendo com pesquisa
Quem fez o caminho inverso foi o professor e pesquisador da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Sidnei Moura e Silva, 41. Nascido em Cachoeira do Sul, o Doutor em ciências farmacêuticas, toxicologia e análises toxicológicas pela Universidade de São Paulo (USP), que morou e estudou na França e na Alemanha, veio para o município, ainda em 2010. Hoje, morando em São Marcos, Silva valoriza o ambiente acadêmico de Caxias do Sul, que prioriza a inovação e a pesquisa.
— Desde que cheguei, tive completo acolhimento, além de todas as condições financeiras e de estrutura para fazer pesquisa. A UCS te dá essa condição. O que temos que correr atrás é de projeto de pesquisa que traga recurso financeiro. Com essa estrutura, eu fui ficando. Eu gosto muito de Caxias, e agora também tenho família — conta o professor de biotecnologia.
Um desafio atual, que se dá pelo cenário de política nacional, são os recursos para pesquisas, que foram reduzidos desde 2014 em todo o Brasil. Conforme o Observatório do Conhecimento, o corte para pesquisa chega a R$ 83 bilhões entre 2014 e 2021, o que engloba os governos Dilma Rousseff (2014 - 2016), Michel Temer (2016 - 2018) e Jair Bolsonaro (2018 - atual).
Silva destaca que sempre que a universidade recebe visitantes, eles ficam impressionados com a estrutura da UCS. O pesquisador destaca ainda a cultura da universidade, que se difere de outras instituições.
— A ideia é aumentar os programas de pós-graduação e fazer a diferença da universidade pela pesquisa. Estamos vendo bastante esse movimento — observa Silva.
Há mais de 22 anos na área de pesquisa, o professor vê a necessidade de desenvolvimento a partir dos estudos. Para Silva, empresas perdem oportunidades quando decidem apenas comprar tecnologias de fora, no lugar de tentar construir algo inovador.
— Se não tem nada de novo, vamos ser reféns como país. Meu pensamento é que temos que evoluir pela pesquisa. Mas, tem que ter os três eixos: governo, estrutura e universidade — conclui o pesquisador e professor.
Atraído por Caxias
Pablo Gomes Meneses, 34, saiu de Bragança, no Pará, há oito anos para vir a Caxias. Na bagagem, o paraense trazia o desejo de trabalhar na Marcopolo. O sonho nasceu depois de Meneses perder o trabalho no Aeroporto Internacional de Belém e conhecer um casal do estado dele que já morava na Serra. Na época, ele "pedia a Deus" para sair da situação de desemprego.
Logo depois, em uma conversa com o casal, a empresa foi citada, o que chamou atenção do homem, que logo foi pesquisar sobre a indústria em um site de vídeos.
— Eu faço as coisas por sentido. Eu gosto que tenha o prazer de ter amor no que está fazendo. Pesquisei sobre a Marcopolo e vi um vídeo do seu Paulo Bellini falando. Ele mostrava a fábrica e falava da paixão dele. Eu vi o amor que ele tinha pelo negócio. Eu disse, 'Opa, tem algo a mais aí'. Não é só uma empresa, é algo que tem amor envolvido — relembra Meneses, que também está há oito anos na empresa.
Os primeiros desafios em Caxias foram o clima e a cultura. Logo, Meneses se adaptou a região e diz até preferir o frio. O funcionário da Marcopolo também adora as paisagens da Serra, principalmente quando anda de moto.
— A região em si é muito linda. É maravilhoso andar pelas estradas daqui. Aqui também a segurança, a saúde e a qualidade de vida, se eu relacionar com a minha região, aqui é muito melhor. E a minha realização profissional, ela vai direto no meu pessoal. Me sinto bem e feliz. Não é um salário ou um cargo que vão te fazer feliz, se você colocar em primeiro o amor pelo que faz — afirma Meneses.
Nos oito anos, o paraense ganhou novas oportunidades na empresa e hoje está na área de pintura, onde manobra os caminhões - o que o funcionário adora. Neste período, ele até foi convidado para cargo de líder - o que Meneses acredita que ainda não é o momento. Além disso, ele está iniciando o próprio negócio, que envolve a paixão do metalúrgico, que são carros e motos. O também empreendedor repara carros e motos neocolecionáveis (modelos que estão perto de completar 30 anos e devem se tornar clássicos) e os vende.
— Meu sonho maior é esse, estou trilhando ele — destaca Meneses.
Cidade ajuda a atrair
O diretor de gestão de pessoas da Marcopolo, Alessandro Ferreira, acredita que além da remuneração, as pessoas também estão em busca de "oportunidades alinhadas ao seu propósito". Ferreira também reconhece que muitos profissionais buscam uma melhor qualidade de vida, o que as pode trazer para Caxias.
— Caxias do Sul é fortemente reconhecida pela atividade industrial e esse é um dos principais atrativos para as pessoas que buscam emprego onde possam aprender e fazer carreira — analisa o diretor.
Em levantamento interno, o diretor informa que cerca de 252 pessoas de outros países foram contratadas este ano pela empresa caxiense. Ferreira relata ainda que a indústria segue contratando funcionários de outros estados.
— Temos vários casos de profissionais que decidiram mudar inclusive de estado para aceitar uma oportunidade de trabalho na Marcopolo de Caxias. O clima do sul certamente é um desafio para as pessoas de regiões mais para o centro do país, mas isto vem sendo encarado como um desafio e uma oportunidade, já que o município oferece uma boa qualidade de vida em termos de segurança, emprego e estudo para as crianças — conta o diretor.
Da mesma forma, a empresa conta com um programa de qualificação para comunidade, ampliando o número de profissionais com conhecimentos específicos para atuar na Marcopolo. Apenas em 2022, 200 pessoas foram contratadas a partir dos cursos e 120 já estão selecionadas para um próximo curso.