O terroir está para o mundo do vinho, assim como a urbanidade está para a relação das pessoas em um determinado espaço. O termo francês, sem tradução para o português, não representa apenas o solo ou o terreno onde o vinhedo está plantado. Terroir é mais do que a localização geográfica, tem a ver com a complexidade do comportamento climático e também com a interferência da mão do homem, por meio da tradição, cultura e tecnologia. Então, quando a rolha é sacada da garrafa e o vinho servido em uma taça, o buquê e sabor do primeiro gole revela a sua personalidade, cuja alma, é o terroir.
Dito isso, vamos à segunda parte, que insere o trabalho desenvolvido pela engenheira civil Giovana Ulian na Biossplena - Inteligência Urbana, de Flores da Cunha. Fundada em 2010, cujo nome era apenas Plena, a empresa nasceu a partir de uma inquietude. Depois de um tempo trabalhando no poder público, como secretária do Urbanismo, ela percebeu que grande parte dos projetos solicitando liberação de novos empreendimentos imobiliários era protocolada de forma desorganizada e com informações contraditórias.
— Depois que saí da prefeitura, resolvi abrir um escritório para atender empreendedores de loteamentos e condomínios e nosso papel era reunir toda a documentação e fazer o encaminhamento das aprovações e, em alguns casos, fazíamos também os projetos urbanos. Esse trabalho nos deu um diferencial de atuação nacional — explica Giovana, 40 anos.
Então veio a crise de 2014-2015, e a Plena, que atuava com um grande investidor do centro-oeste brasileiro, viu minguar o empreendedorismo urbano. De volta à Flores da Cunha, e depois de defender a tese de doutorado, um novo mundo se descortinou diante de Giovana. Apesar da densa crise em nevoeiro que parecia bagunçar as perspectivas no horizonte, a engenheira tirou da sua tese uma nova oportunidade de negócio.
— Nos últimos cinco anos mudamos a direção estratégica da Plena, que virou Biossplena, deixamos de fazer projetos para a expansão urbana, e passamos a nos comprometer com a inteligência urbana, tendo como pilares a tecnologia e inovação, as políticas públicas e a visão de futuro — explica Giovana.
A partir dessa nova perspectiva, a Biossplena passou a atender a CRH Empreendimentos, holding que cuida dos imóveis do Grupo Tigre.
—Fizemos um projeto para eles de uma nova centralidade urbana, na antiga sede da empresa, que fica em uma área central de Joinville, para entendermos qual era a vocação e de que maneira poderia ser melhor aproveitado o lugar. Já estamos em tratativas para um novo projeto com eles, de uma nova centralidade urbana — revela Giovana, que é também uma das coordenadoras do Projeto São Pelegrino, que tem o objetivo de se tornar uma centralidade urbana, em Caxias do Sul.
Quase ao final da entrevista, em uma tentativa de explicar qual é especificamente o trabalho que Giovana desenvolve, ela teceu a tese da relação da urbanidade com o terroir da vindima.
— Precisamos compreender o terroir. Somos pesquisadores em inteligência territorial, ciência de dados geográficos, de estatística e geoestatística, machine learning em aplicações espaciais, desenvolvimento urbano, cidades inteligentes, tendências e monitoramento de indicadores urbanos. Nossa atuação permite conectar proprietários de terrenos, investidores, desenvolvedores e gestores públicos — sintetiza.
Apesar de ser uma empresa jovem, que enfrenta paradigmas de quem ainda confia mais na sua intuição do que nos dados depurados dessa alquimia científica, a Biossplena já fincou suas sementes, em solos férteis de 36 cidades, em seis estados do Brasil.
RAIO-X
Nome da empresa: Biossplena Inteligência Urbana
Fundação: 2010
Setor de atuação: consultoria e projetos
Número de Funcionários: 5 diretos + rede de colaboradores nacional e internacional
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Se você quer sugerir uma ideia que deu certo em seu município, pode enviar a sugestão para o + Serra, pelo e-mail ciro.fabres@pioneiro.com, para avaliação editorial.