Histórias de empreendedorismo fazem parte do imaginário dessa região desde que as primeiras videiras foram semeadas neste solo. No entanto, o terreno não tem se mostrado fértil apenas para a viticultura e a agricultura. Há diversos exemplos de sucesso em todos os demais setores, como a indústria, o comércio, e os serviços, além de todas as suas subdivisões, inclusive no campo da tecnologia e inovação.
Com esta reportagem, o +Serra apresenta e lança de forma sistemática a seção Nordeste Gaúcho – Ideias que Dão Certo. Ela se destina a apresentar ideias empreendedoras, em uma viagem pelos 65 municípios do Nordeste Gaúcho, na área de abrangência do Pioneiro. Busca homenagear a grande capacidade empreendedora, destacando empreendimentos de diversas áreas com foco na inovação, na diversificação e nas boas ideias plantadas que dão certo.
A reportagem inicial de apresentação destaca quatro cases de sucesso nas cidades de Caxias do Sul, Flores da Cunha, Bento Gonçalves e Gramado. Em todas elas, um dos pontos em comum é o protagonismo e a relevância em seus mercados. Além disso, a dita ideia nem sempre deu certo desde o início. Apesar do insucesso inicial das iniciativas, os empreendedores revelam quais foram os segredos para que suas ideias de fato vingassem.
Nos próximos cadernos, outras histórias de diversidade empreendedora serão reveladas em uma página específica e sistemática, identificada e unificada graficamente pelo selo Nordeste Gaúcho – Ideias que Dão Certo, que acompanha esta reportagem inicial. Os cases selecionados incluirão também o critério da abrangência regional, contemplando o que acontece nos demais municípios no Nordeste Gaúcho.
O projeto resgata e valoriza também o Nordeste Gaúcho, publicação histórica do Pioneiro que, por meio de revistas especiais, mostrava uma coleção das boas ideias da gente e dos empreendedores da região. A ideia é mostrar outra vez essas boas ideias, e que elas podem dar muitos frutos para empresários, trabalhadores, para os municípios onde foram colocadas em prática, para a economia do Estado e do país. E oferecer soluções.
Participe
Se você quer sugerir uma ideia que deu certo em seu município, pode enviar a sugestão para o + Serra, pelo e-mail ciro.fabres@pioneiro.com, para avaliação editorial.
Exportadores de Tecnologia
Bruno Dal Fré é CEO da Dalca Brasil, com sede em Bento Gonçalves. A empresa virou referência, não apenas no país, mas também no Exterior, em células robotizadas industriais. Em parceria com a Casarini Robótica, joint venture italiana, a empresa contabiliza mais de 500 robôs instalados em diversos países como Itália, Rússia, Índia, China e Brasil. Fundada em 2007, a Dalca tem no seu portfólio clientes como a Whirlpool (Brastemp e Consul), BIC, WEG, Santa Clara, Klabin, Grupo Randon, Stara, AGCO, entre outros.
Nesse percurso há dois pontos decisórios para o sucesso da ideia inicial. Se ainda hoje há uma resistência de parte dos empresários quanto à mudança de paradigma da inserção de mais robôs, imagine há 14 anos. Antes de falar mais sobre isso, vamos aos dois pontos de virada. O primeiro deles foi o intercâmbio que Bruno fez na Itália.
– Eu cursava Engenharia Elétrica quando, em 2009, fui estudar na Universidade de Udine. Aproveitei a ida para desenvolver parcerias com empresas de robótica na Itália. Uma delas foi a Casarini, com quem temos uma joint venture – revela Buno, 34.
Na volta, em 2010, com sede de colocar em prática suas ideias, Bruno bateu, literalmente, de porta em porta, em empresas pequenas, onde acreditava ter mais êxito num estágio inicial do seu projeto. Infelizmente, não deu certo. E, aqui, conhecemos mais um dos capítulo dessa virada, que conduz a Dalca ao sucesso.
– Naquele momento, as empresas pequenas não tinham capacidade financeira para esse investimento. Então, acabamos nos introduzindo antes nas multinacionais do que nas empresas pequenas. Muitas delas são ainda nossos clientes, como a Whirlpool e a BIC. Ao mesmo tempo, quando começamos a vender para as grandes companhias, vimos a necessidade de fabricar os equipamentos aqui no Brasil, e não mais trazê-los da Itália – conta.
A partir de 2013, ocorreu a expansão mais significativa, que se estende até agora, em que a Dalca tem crescido, segundo revela Bruno, pelo menos 50% ao ano. Índice que tem se mantido, apesar da crise da pandemia. Já são mais de 100 robôs instalados, no Brasil, com tecnologia “Made in Brazil”, frisa o empresário. Apesar disso, a dita Indústria 4.0 ainda engatinha no país.
– Nas minhas palestras, sempre falo da densidade de robôs instalados, a cada 10 mil trabalhadores, em um comparativo de diversos países. Em Singapura e Coreia do Sul, são 900 robôs (a cada 10 mil trabalhadores), na Alemanha são 300 robôs (a cada 10 mil) e, no Brasil, são apenas 14 (a cada 10 mil trabalhadores) – lista Bruno.
Ao apresentar os dados, o empresário deixa implícito não apenas como é promissor o mercado de robótica no país, mas também deixa em aberto o necessário enfrentamento aos impactos dessa cadeia produtiva 4.0.
RAIO-X
Nome da empresa: Dalca Brasil
Fundação: 2007
Setor de atuação: Automação e Robótica Industrial
Número de Funcionários: 25 diretos e 25 indiretos