Aos 23 anos, Natanael Moschen Lahnel fundou a Lúpulo Gaúcho, em Gramado. Começou com poucas plantas do néctar que é reconhecido como a alma da cerveja. Ainda em escala caseira, Natanael foi cultivando não apenas as mudas de lúpulo para o seu consumo, mas enxergou nessa atividade uma oportunidade de negócio. Apesar da expansão das cervejarias pelo Brasil, sobretudo na Serra, nem mesmo o Ministério da Agricultura sabia lidar com essa nova planta. O mercado importa em altíssima escala o lúpulo e, em 2014, havia pouco interesse no plantio, tanto é que nem regulamentação havia.
Natanael, literalmente, foi um dos expoentes no Brasil a abrir na base do facão esse mato denso e fechado que se chama burocracia, para conseguir as liberações necessárias para atuar com o viveiro Lúpulo Gaúcho, hoje, um dos mais importantes do país. A primeira etapa da burocracia era o registro do lúpulo no Brasil. Seu viveiro só foi liberado para produção e comercialização em 11 de março de 2019.
– No Ministério da Agricultura, ainda estavam tentando entender o que era o lúpulo. Foi toda uma burocracia para inserir o lúpulo no Registro Nacional de Cultivares (RNC), porque sem isso não poderia vender as mudas, nem ser cultivada – explica Natanael, 30, proprietário da Lúpulo Gaúcho.
A visão de negócio do empresário é baseada na ideia de expansão comercial da planta, porque o mercado das cervejarias tende a crescer ainda mais. Neste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção do setor cresceu 3,3% em janeiro na comparação com o mesmo período de 2020. Natanael chegou a cultivar 39 variedades diferentes, mas agora dedica-se a apenas 11.
– Começamos com mais variedades até para saber quais plantas se adaptariam melhor, não só ao nosso clima do Sul, mas no Brasil todo, porque vendo mudas para serem plantadas em todas as regiões. E também, tenho hoje uma produção mais voltada para espécies que são mais comerciais – relata.
Natanel explica ainda que, nos últimos dois anos, tem ocorrido um interesse maior por parte de investidores que desejam plantar lúpulo em grande escala. O seu viveiro tem capacidade para comercializar mil mudas por mês, com estoque de outras 5 mil, em um espaço de 250m², contando com um sistema de irrigação e de sombreamento especial, desenvolvido em Israel. Além disso, ele tem um campo com cerca de 2 mil mudas cultivadas.
– A minha colheita é disponibilizada para o mercado, mas não tenho contrato com uma cervejaria específica. Tenho capacidade para vender tanto para o pequeno cervejeiro quanto para uma cervejaria – explica.
RAIO-X
Nome da empresa: Lúpulo Gaúcho
Fundação: 2014
Setor da atuação: agricultura, mudas de lúpulo
Número de funcionários: apenas o proprietário
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