Na última sexta-feira, dia 10, a Comissão Interestadual da Uva esteve reunida com sindicatos e produtores rurais, em Garibaldi, a fim de pensar estratégias frente à seca que tem castigado não apenas a uva, mas diversas culturas em lavouras na Serra Gaúcha e Campos de Cima da Serra.
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Entre os principais propósitos do encontro, além da esperança por chuva, foi o interesse por negociar com os bancos a prorrogação das parcelas dos financiamentos e pedir ao governo federal a redução de juros no próximo Plano Safra, que hoje é de 4,6%. A estimativa de uma safra, ainda no ano passado, estava entre 580 e 600 milhões de quilos na Serra. No entanto, depois do encontro, Cedenir Postal, presidente da Comissão Interestadual da Uva, afirmou:
– Acho que não chega nos 500 milhões de quilos – disse Postal, confirmando que a perda da uva estava estimada em 30%.
No entanto, no final do dia, ainda na sexta-feira, a chuva veio, trazendo certo alívio para os produtores. Em Caxias do Sul, entre a sexta-feira e o sábado, choveu 40mm. Já Bento Gonçalves e Vacaria tiveram cerca de 30mm de precipitação. A maior média no mesmo período, foi em Bom Jesus, com mais de 90mm. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
– Na sexta-feira (dia 10 de janeiro) tivemos, sim, uma boa quantidade de chuva. Foi bem-vinda e amenizou a preocupação de muitos produtores. No entanto, ainda teremos perdas. Como eu venho dizendo, na última semana, a cada dia sem chuva os problemas se agravam. Essa chuva trouxe alívio, mas há algumas variedades de uva, que mesmo com essa precipitação toda, não vão ser recuperadas. Recebi hoje (13 de janeiro) fotos de produtores que me mostraram parreirais mortos, que não tem mais como recuperar – explica Postal.
SITUAÇÃO EMERGENCIAL
Até ontem nenhuma das cidades da Serra ou dos Campos de Cima da Serra haviam solicitado situação de emergência.
– Aqui da Serra, apenas o município de Santa Tereza estuda decretar situação de emergencial. Pelo menos essa foi a única que manifestou interesse na reunião da última sexta-feira – revela Postal.
O presidente da Comissão Interestadual da Uva entende que cada município terá de reavaliar a situação até o final da semana, porque a expectativa é de chuva na quarta e quinta-feira.
– Essa boa chuva de sexta já ajudou muito. E se chover mais durante esta semana, acreditamos que a estiagem para a uva estará resolvida – acredita Postal.
MILHO E SOJA REAGEM
Na Região dos Campos de Cima da Serra, os produtores de milho e soja estão mais tranquilos, também por causa da precipitação de sexta e sábado da semana passada.
– Aqui, as chuvas vieram até de maneira mais parelha em um volume muito bom. A região onde choveu menos foi em Porteirinha e Ipê, com cerca de 40mm. Mas em Muitos Capões, Bom Jesus e Monte Alegre, tivemos entre 80mm e 100mm – atesta César Tibola, presidente da Cooperativa Tritícola Mista Vacariense (Cooperval).
A soja não estava no quadro das maiores perdas. Na semana passada falava-se entre 5% a 10%. Mas Tibola reconhece que pode ser ainda menor, em função das chuvas, e porque a soja é mais resistente. Já o milho, estimado em 30% na semana passada, pode ter melhor prognóstico, principalmente se chover ao longo dos próximos dias.
– Nós já trabalhávamos com uma perda considerável do milho, mas vamos aguardar para ver o que vai acontecer. Já vi hoje (13 de janeiro) que está tendo um crescimento melhor das espigas depois da chuva da última semana – reconhece Tibola.