Já começou em Caxias a colheita do caqui kioto, mais conhecido como caqui chocolate preto. Nos próximos dias, inicia-se também a da variedade fuyu – o chocolate branco. O Censo Agropecuário de 2017 apontou a cidade com a maior área plantada no Brasil. São cerca de 950 hectares dedicados ao cultivo. Em 10 anos, a área cresceu 30%. Foram colhidas 16.422,130 toneladas em 2017 em 447 propriedades.
Para este ano, a safra deve ser similar. Na propriedade de Luciano Buffon, em São Gotardo de Vila Seca, a expectativa é de colher de 35 a 40 mil quilos dos dois tipos de caqui. Mas a produção irá aumentar nos próximos anos. Ele ampliou a área cultivada de 1,5 para 3,5 hectares – os caquizeiros plantados em 2018 devem começar a dar frutos em 2021.
— Não é meu carro-chefe, mas, com o passar dos anos, vai ser — espera o agricultor, que planta também pêssego, ameixa e uva, somando 10 hectares.
O pomar de caquis de Buf- fon ganhou forma entre 2003 e 2004. Quando iniciou o cultivo, o que motivava era o preço, já que poucos agricultores plantavam a fruta na região. Hoje, o que faz valer a pena é o fato de a colheita não coincidir com a de outras frutas, como a uva e ameixa, estendendo o período do ano com colheita e venda na propriedade, além de ser mais fácil encontrar mão de obra:
— No começo, a gente plantou porque era uma coisa nova. Não dava muito trabalho e estava dando um valor bom. Agora, a gente planta mais por causa da colheita. Outras frutas estão entrando em época de dormência e a gente está colhendo o caqui, acaba alongando a colheita.
A possibilidade de “esticar” a produtividade das propriedades é destacada pela Emater como fator para Caxias ter a maior área plantada do país e a maior produção do Estado. É possível fazer a colheita depois da uva, por exemplo. Além disso, a boa adaptação ao clima favorece.
— Tem a questão cultural, porque o pessoal já está acostumado a trabalhar com frutas — acrescenta Daniel Domingues Batista, extensionista rural da Emater de Caxias.
Caquis vão para o Paraná
O agricultor Paulo Vicenzi se dedica ao cultivo do caqui há 13 anos, também em São Gotardo de Vila Seca. Em meio hectare, ele mantém cerca de 900 árvores da variedade fuyu. Para ele, a colheita deve começar somente no final de abril. Vicenzi espera colher, em cerca de 20 dias de trabalho, de 20 a 25 toneladas da fruta.
O processo é trabalhoso, segundo Vicenzi, porque exige cuidado ao retirar a fruta do pé.
— O kioto colhe só com a mão. Só puxar, ele desprende. O fuyu precisa de uma tesoura — explica.
Vicenzi ainda não sabe quanto vai receber pelo quilo, já que a fruta ficou um pouco "machucada" por conta do granizo. No ano passado, ele vendeu a R$ 2. Conforme a Emater, o valor está entre R$ 2 e R$ 3 e pode baixar para R$ 1,20. A melhor remuneração ao produtor é, geralmente, no final da colheita.
Vicenzi, assim como Buffon, vende para terceiros, que entregam em cidades como Curitiba e Londrina, no Paraná. Além do distrito de Vila Seca, se destacam em Caxias no cultivo de caqui os distritos de Santa Lúcia do Piaí, Vila Oliva e Fazenda Souza. Estima-se que os primeiros caquizeiros foram plantados na cidade há mais de 50 anos. No entanto, a produção se intensificou nos últimos 20.
Granizo
A chuva de granizo do ano passado prejudicou o cultivo do caqui. Em algumas propriedades, as perdas foram totais. Apesar disso a safra deve ser boa.
Doença antracnose preocupa
Um fungo tem preocupado os produtores de caqui. A antracnose é recente, mas já causa estragos. A doença atinge principalmente o fuyu. Conforme o extensionista rural do escritório da Emater em Caxias, André Kieling, a característica do caqui fuyu, que tem um fechamento das folhas diferente do kioto, favorece a entrada do fungo. O verão muito chuvoso deste ano também é um condição favorável para a doença.
— Está sendo um problema muito sério — alerta.
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