Uma cena incomum marcou o fim do velório de Paulo Pedro Bellini, presidente emérito da Marcopolo, morto na última quinta-feira em Caxias do Sul. Na unidade da empresa do bairro Planalto, uma sirene ecoou às 15h desta sexta-feira para anunciar o início da cerimônia de cremação do empresário. Não havia nenhum funcionário trabalhando.
O mesmo gesto foi repetido nas outras 16 plantas da Marcopolo: África do Sul (1), Argentina (2), Austrália (3), Caxias (3, contando com a Planalto),China (1), Colômbia (1), Egito (1), Espírito Santo (1), Índia (2), México (1) e Rio de Janeiro (1). Somente os trabalhadores de Caxias foram dispensados, e os demais interromperam momentaneamente as atividades em respeito a Bellini.
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De acordo com a assessoria de imprensa da Marcopolo, a homenagem "foi decisão da família porque ele era muito querido por todos os colaboradores". O velório começou às 15h de quinta-feira, no Memorial São José, em Caxias do Sul, e contou com a presença de mais de duas mil pessoas, de acordo com o Grupo L. Formolo. A cerimônia de cremação começou logo depois do velório, também em Caxias do Sul. Amigos de diversas partes do mundo fizeram questão de dar o adeus a Bellini pessoalmente.
– Fui direto ao aeroporto de Santiago do Chile. Só deu tempo de tomar um banho em casa. Não existia a possibilidade de não homenagear o Paulo, companheiro de negócios e amigo de pescaria – disse Andres Novion, que representa a Marcopolo e outras empresas caxienses, como a Randon, em território chileno.
– Dos negócios surgiu uma amizade muito consolidada. Comemoramos os 90 anos da nossa empresa com uma festa na casa do seu Paulo, em 2015 – relembrou Pablo Nossar Lafluf, proprietário da Nossar Transporte de Passageiros, que enfrentou nove horas de viagem de Durazno, na região central da província uruguaia, até a Serra Gaúcha.
Pela manhã, a Marcopolo disponibilizou ônibus para levar os trabalhadores até o velório. Entre os amigos, estava o presidente da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev), Claudio Biasio. A ligação de quase 30 anos com Bellini foi enraizada no envolvimentocom a causa da Apadev. Na década de 1990, Bellini pediu ajuda para erguer o prédio da entidade, que hoje é referência no atendimento aos deficientes visuais.
– Graças a ele, construímos o prédio em 11 meses. Depois, ele nos ajudou a manter o serviço funcionando. Era um entusiasta, ele deu vida ao meu sonho – define Biasio.