Caixa-Forte: Ausência de Dilma evitará constrangimentos em Caxias

Pior safra de uva dos últimos 70 anos, com perdas de até 65%. Falta de subvenção do governo federal para o seguro agrícola justo quando a fruticultura mais precisa, por ter sido atingida por uma conjunção desastrosa (calor antecipado, floração, geada, granizo e chuva em excesso). A ausência da presidente Dilma Rousseff na abertura da Festa da Uva 2016 será sentida, sim, e muito. Nem a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, virá, por restrições médicas.

O setor rural há tempos amarga o desprestígio do governo federal. Sente-se órfão de apoio, de auxílio. Suas reivindicações não comovem. Na Festa da Uva 2012, Dilma se definiu como uma "parceira presidente da produção agrícola". Mas logo depois uma comitiva de lideranças da cadeia da uva e vinho de Flores da Cunha foi barrada por seguranças quando tentava acompanhar a visita da presidente pelos estandes e assim entregar um documento com reivindicações.

Na época, o episódio lamentável, em que o segmento não tinha credencial para chegar próximo de Dilma, foi tratado na coluna pela nota "Barrados na festa". Nesse mesmo evento, a presidente fez um anúncio que causou alvoroço: a adoção de salvaguardas, o que inibiria a entrada de rótulos importados, preservando a indústria nacional. O assunto não avançou sob ameaça dos restaurantes do centro do país, que prometeram um boicote ao vinho nacional.

Na abertura da edição de 2014, a presidente anunciou o decreto que regulamenta a Lei do Vinho, além de comunicar aumento do preço mínimo da uva e prometer instrumentos para escoar os estoques. Foram ações aplaudidas, mas longe de conseguirem mudar a essência de dificuldades do segmento.

Quem representará Dilma Rousseff nesta quinta-feira será o gaúcho Miguel Rossetto, ministro do Trabalho e Previdência Social. Espera-se que dimensione à presidente a situação preocupante do emprego (melhor, desemprego) em Caxias, que fechou 14 mil vagas em 2015.

Se o palco servirá para mais apelos vitivinícolas, não se sabe. A vinda de Dilma representaria uma esperança ao setor, de alguma carta na manga, algum anúncio. Mas sua ausência pode evitar constrangimentos maiores.