No mês da visibilidade trans, Almanaque apresenta obras e performances de artistas da Serra, selecionados a partir da curadoria da maranhense Marina Luísa Almeida, radicada em Caxias do Sul desde 2013. É ela quem escreve o texto de apresentação abaixo:
Quando fui convidada para selecionar artistas trans que atuam no cenário local, iniciei a busca por uma diversidade de profissionais que exploram variadas expressões artísticas, como artes visuais, digitais, desenhos na pele, dança, performances teatrais, atuação e música. Foram convidados cinco artistas trans e travestis que compartilham aqui um pouco sobre seus trabalhos e trajetórias.
Os escolhidos foram Estrela Dinn, Felipe Kivasilo, Luna, Maria Lilith, Naomi Lu e eu mesma, compondo a lista de sobreviventes da arte caxiense. Apesar de sermos poucos, nossa presença impacta e contribui significativamente para transformar este cenário, independentemente do meio em que atuamos.
Acompanho o trabalho de todos e posso afirmar que eles não brincam em serviço. São profissionais que investem, estudam, treinam, produzem, vendem e buscam o mesmo mérito e reconhecimento que qualquer outro artista cisgênero merece.
Henri Matisse dizia que “a arte e a criatividade requerem coragem”. Acrescento à frase do pintor que coragem é o que não nos falta. Estamos aqui, mesmo expostos a críticas e preconceitos, para mostrar que também temos o direito de exercer, manifestar e nos orgulhar de nossas profissões, contribuindo para a cultural local e sociedade. Movimentamos esse nicho e buscamos cada vez mais visibilidade e reconhecimento.
Assim, afirmo: a arte TRANS não apenas vive, mas continuará existindo, inspirando e TRANSformando.
Os artistas selecionados foram provocados a apresentar o próprio trabalho e contar um pouco de sua trajetória que você lê aqui a seguir.
MARINA LUÍSA ALMEIDA, artista visual e designer
Conheça a Luna
LUNA é uma multiartista ao pé da letra. Sua paixão pelos quadrinhos digitais a levou a produzir trabalhos diretamente pelo celular, abordando temas importantes como os desafios de sua transição de gênero e questões relacionadas à saúde mental, como a bipolaridade.
Apesar de ter estudado Cinema, foi colocando a mão na massa, de forma autodidata, que seu universo artístico começou a ganhar forma. Luna já teve a oportunidade de produzir quadrinhos para a Folha de São Paulo, a convite do jornalista Zeca Camargo, que descobriu o talento dela por meio de seu trabalho digital. Esse reconhecimento só motivou Luna a procurar novos desafios e expandir ainda mais seus horizontes. Em uma busca incessante por aprendizado, Luna decidiu estudar discotecagem, ampliando assim suas habilidades artísticas.
Além disso, ela também dirigiu e escreveu seu primeiro curta-metragem intitulado Lobatomia, no qual mergulhou de forma autodidata nos estudos da psicologia da percepção e cultura visual moderna, buscando aprimorar ainda mais suas obras. Para 2024 está produzindo sua segunda história em quadrinhos Indevida Tragédia, que aborda os segredos que existem por trás do mundo das artes, no qual participou por anos.
Saiba mais sobre o trabalho de Luna no perfil @jatofazeno do Instagram.
Conheça a Naomi Lu
NAOMI LU é uma multiartista nascida em Serafina Corrêa. Há pouco menos de dois anos vem atuando na cena da noite caxienses como DJ em várias casas noturnas da cidade, como a Level, Reffugio, Nox, Zero54, entre outras. Além da discotecagem, foi atriz e performer na peça Transinlucida (foto abaixo) encenada durante o festival Caxias em Cena 2022. No ano seguinte, apresentou seu próprio projeto, também no Caxias em Cena. O espetáculo se chamava Intransigente.
Para saber mais sobre a Naomi Lu, procure o perfil dela no Instagram @naeomilu. Ou clique nesse link para curtir uma das produções musicais dela.
Conheça a Maria Lilith
MARIA LILITH é multiartista e busca se expressar através da arte, do suor e do empoderamento do seu corpo trans e negro dentro de qualquer espaço. Iniciou sua carreira artística em 2010. Desde então já conquistou diversos prêmios em concursos nacionais. Entre eles, seis prêmios de Melhor Bailarino em certames regionais e a indicação de Prêmio Revelação do maior concurso do mundo, o Festival de Dança de Joinville. Maria Lilith esteve ainda no elenco da Cia. Municipal de Dança de Caxias de 2014 a 2022. É co-idealizadora do projeto Impulso. Ministra aulas de balé clássico, dança contemporânea e jazz. É ainda diretora e coreógrafa de espetáculos cênicos.
Em 2021, realizou a performance Estrela do Amanhã, que nasceu do que vazou na artista @grimorio–da–maria–lilith da obra Totem, pocket show da artista @aalexiaevellyn.
Deste atravessamento e de muitos fluxos de energia sincrônicas, quem assina a criação junto dela e a direção de vídeo é @assauryhg, que permitiu olhar com carinho para o que estava oculto e mergulhar no que Maria Lilith chama de “piscinas do inconsciente”.
Saiba mais sobre Maria Lilith no perfil do Instagram @grimorio–da–maria–lilith. Clicando aqui neste link você assiste à performance “Estrela do Amanhã” (foto acima), projeto executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.
Conheça o Felipe Kivasilo
FELIPE KIVASILO é homem trans de 25 anos. Começou a transição ao mesmo tempo em que iniciou a realização do sonho de trabalhar como tatuador, há cinco anos. Ele é também DJ há quatro anos. Dentro do mundo da tattoo ele conta com cinco certificados de workshops de tatuagem profissional e já ganhou três troféus de tatuador destaque no estilo old school.
Mais conhecido como Kivasilo, gosta muito de fazer flash tattoo em casas noturnas e diz que se diverte muito levando o seu trabalho até as pessoas, muitas delas, fazendo a sua primeira tatuagem num rolê. Ele atende nas cidades de Caxias do Sul, Porto Alegre, Vacaria e pelo Litoral Norte.
Saiba mais sobre o trabalho do Kivasilo no perfil @kivasilo do Instagram.
Conheça a Estrela Dinn
Estrela Dinn é graduada em Direção Teatral pela UFRGS e integra desde 2006 o Quarta Parede, grupo de pesquisa continuada em dança de Caxias do Sul, dirigido e fundado por Gislaine Sacchet, que se propõe a investigar diferentes linguagens e cruzamentos possíveis entre as artes da cena. Em 2013 fez a assistência de direção de Patrícia Fagundes e produção executiva no espetáculo Natalício Cavalo, da Cia. Rústica, grupo de teatro de Porto Alegre, ao qual Estrela integra atualmente.
No ano de 2017, ela fundou a Cia. Indeterminada, companhia de teatro ancorada na pesquisa de novas linguagens e na produção popular e sem gênero da cena, em que desenvolve uma pesquisa cênica intitulada Em busca de um teatro pop.
Estrela participa ainda, desde 2006, da montagem e execução de projetos artísticos desempenhando funções diversas: atriz, bailarina, produtora e diretora. Entre 2020 e 2021, foi bailarina da Cia. de Dança de Caxias do Sul e também atuou como professora de teatro da Escola Preparatória de Dança.
Estrela frisa que alguns dos trabalhos foram executados antes dela iniciar sua transição de gênero. No entanto, ela prefere não ignorar suas produções antigas, mesmo que elas evidenciem uma imagem que por vezes pode ser violenta, pois independentemente do gênero social, fazem parte de sua carreira, de sua construção de conhecimento e de repertório.
Saiba mais sobre o trabalho da Estrela Dinn no Instagram @estreladinn e nos perfis do YouTube @anderbelotto e @quartaprocessoscontemporan5111.
Conheça a Marina Luísa
MARINA LUÍSA ALMEIDA é uma artista visual e designer de formação, cujo trabalho abrange cartuns, charges, tirinhas (com escritos, frases e memes), assim como pinturas e ilustrações analógicas.
Seus projetos são permeados por humor e memórias afetivas, conquistando grande sucesso no Instagram, onde cada publicação atinge milhares de compartilhamentos.
A artista expandiu sua expressão artística para produtos, mantendo uma loja virtual que oferece uma variedade de itens, como camisetas, canecas, pôsteres e bottons.
Saiba mais sobre o trabalho da Marina no perfil @marinaluis4 do Instagram.