Aquela expressão popular “há um elefante na sala de estar” poderia muito bem ser atualizada para “há um elefante sentado à mesa de jantar” conforme sugere o enredo do filme Madame, estreia desta semana na Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias. É justamente ao redor de uma mesa que nasce um amor e, consequentemente, um grande desconforto que permeará toda a trama dirigida pela francesa Amanda Sthers. O “elefante” da vez se chama Maria (vivida pela ótima Rossy de Palma, uma das musas de Pedro Almodóvar), uma faz tudo na casa do casal de americanos ricaços recém-chegados a Paris, Anne (Toni Collette) e Bob (Harvey Keitel). É a afetada dona da casa, Anne – a Madame do título – quem obriga a empregada a fingir que é convidada de um jantar chique, só para evitar que a mesa fique com um número ímpar de pessoas. O jantar é o estopim do filme, já que é a partir daí que as fragilidades de cada um, principalmente de Anne, começam a desfilar pela telona.
O formato meio novelesco escolhido pela diretora pode afastar alguns espectadores, mas o tom bem-humorado dos clichês que surgem na história garantem algumas risadas. Maria é uma empregada de origem latina que precisa do emprego na mansão dos americanos para garantir um bom futuro para a filha adolescente. Quando a patroa lhe obriga a sentar na mesa com pessoas de uma classe social tão distante da sua, ela rouba a cena com sua espontaneidade e, de quebra, acaba conquistando o coração de um dos convidados. Só que Anne adentra num colapso emocional quando percebe que o inicial flerte pode evoluir para algo mais sério.
Se a primeira metade do longa sugere um clima mais descontraído, colocando o espectador para torcer a favor da mocinha latina e contra a megera rica americana, a segunda metade aprofunda um pouco mais a fogueira das vaidades presente no ambiente habitado pela vilã. Anne é vazia e é justamente esse drama que preenche de forma mais profunda a atuação competente de Toni Collette. Já o veterano Harvey Keitel (Bob) parece não ultrapassar uma presença de coadjuvante de luxo no longa.
As caricaturas sociais que conduzem Madame ora arrancam sorrisos, ora sugerem reflexões, ora respiram ares de comédia romântica. Apesar de não seguir uma constância na linguagem, a obra cumpre aquele papel interessante de causar desconfortos propositais no espectador (sem a profundidade de discurso de um Que Horas Ela Volta?, mas ainda interessante).
Veja o trailer:
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:: O quê: comédia dramática francesa Madame, de Amanda Sthers.
:: Quando: estreia nesta quinta e fica em cartaz até 27 de maio, com sessões de quinta a domingo, sempre às 19h30min.
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia (Rua Luiz Antunes, 316).
:: Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes, beneficiários ID Jovem, idosos e servidores municipais).
:: Classificação: 14 anos.
:: Duração: 90 minutos.
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