– Se existe um consumo de cultura e existe marketing cultural, existe a economia da cultura, embora as faculdades de economia ainda não a reconheçam – versou Manoel Marcondes Neto, doutor em Ciências da Comunicação que proferiu palestra na reunião-almoço da CIC de ontem.
Durante a conversa, ele abordou a importância da economia criativa como estratégia para construir valor a uma empresa ou marca. Disse que é fundamental olhar para a produção cultural, para os artistas, e aproximar as empresas dos produtores de cultura. O desafio é grande, admite, uma vez que o Brasil usa um percentual pequeno para destinar ao desenvolvimento do setor cultural.
– A Unesco prevê que se invista 1% do orçamento em cultura. Esse é o mínimo necessário para que saibamos quem somos. Quando esse valor não é aplicado, deixamos espaço (como pertencentes ao país, como construção de identidade) para que outros ocupem nosso lugar – explicou.
Ao reforçar a importância da cultura no cotidiano das empresas, Marcondes Neto dissocia a ideia de produção cultural das leis de financiamento à cultura – para ele, "uma coisa não depende da outra":
– É preciso desmistificar a ideia de que marketing cultural necessita de incentivo fiscal. Já houve incentivo fiscal para vários setores, como a indústria aeronáutica, não apenas para a cultura. Não criamos uma cultura de apoio genuíno a ela – diz. – É uma indústria com muito potencial para crescer.
Destaca, ainda, a diferença do papel do Estado e da iniciativa privada no que se refere à promoção cultural, que podem se unir em alguns momentos, como nos financiamentos, mas que tem objetivos separados. Marcondes explicou também que os produtores culturais precisam equipar-se para lidar com um público específico.
– Em se tratando de marketing cultural, se está lidando com fruição, uma dimensão muito especial de consumo e um espaço virtual de reflexão, troca de informações e prestação de serviços para todos aqueles que se interessam pelas questões que envolvem arte, comunicação, cultura, gestão, marketing, patrocínio e políticas públicas e privadas de cultura – reforçou.
Um dos maiores desafios do setor talvez seja a dificuldade de mensurar os resultados com dados precisos.
– Os empresários não conhecem o setor e têm, como todos, resistência ao desconhecido. É preciso falar mais sobre o assunto, educar as pessoas para que tenham contato com isso – completou.
Consulta
Durante a reunião-almoço, a diretoria de Cultura e Educação da CIC disponibilizou uma pesquisa a ser respondida pelos participantes, para ver quem tem interesse por marketing cultural e como, através dele, é possível inserir marcas no contexto nacional e regional.
Leia também
Escritora Martha Medeiros participa de bate-papo nesta terça, em Bento Gonçalves
Agenda: Vera Loca faz show em Caxias no próximo sábado
3por4: Caxiense Chiquinho Divilas vai palestrar em 11 cidades brasileiras
Com direito a parceria entre Chiquinho Divilas e Otto no palco, Festival Brasileiro de Música de Rua se encerrou neste domingo em Caxias