A dupla criativa formada pelas atrizes, diretoras e roteiristas francesas Maïwenn e Emmanuelle Bercot conseguiu unir sucesso internacional de público e crítica com o ótimo drama Polissia (2011), filme escrito e estrelado por ambas e que rendeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes para a direção de Maïwenn. O mais prestigiado certame cinematográfico do mundo consagrou outra vez a dobradinha no ano passado, premiando Emmanuelle como melhor atriz em Meu Rei (2015), novo longa dirigido por Maïwenn – a distinção foi dividida com a norte-americana Rooney Mara, de Carol (2015). Visto por 615 mil pessoas na França, Meu Rei entra em cartaz hoje, na Sala de Cinema Ulysses Geremia.
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– Maïwenn me convidou para trabalhar com ela, deu certo e continuamos juntas. Sou muito fiel às pessoas com quem trabalho – contou em entrevista a Zero Hora a realizadora Emmanuelle Bercot, que veio ao Brasil em junho do ano passado divulgar De cabeça erguida (2015), excelente drama social dirigido por ela e estrelado por Catherine Deneuve, também exibido em Cannes.
Meu Rei expõe a nu os turbulentos 10 anos de relacionamento de um casal, marcados por dependência afetiva e sexual, mentiras e traições, brigas e separações – uma montanha-russa de êxtases e depressões intercalados por raros momentos de tranquilidade. O filme começa com Tony (Emmanuelle) em uma clínica de reabilitação física, onde deverá passar uma temporada recuperando-se de um acidente de esqui no qual machucou gravemente o joelho. A rotina de exercícios para voltar a andar desperta na mulher lembranças de seu passado ao lado de Georgio (Vincent Cassel), com quem foi casada e teve um filho.
Por meio de flashbacks, a história de Tony e Georgio é contada do início ao fim: seduzida pelo charme do chef de cozinha descolado, a jovem advogada mergulha de cabeça na paixão. Logo, porém, Georgio dá mostras de seu caráter egoísta e instável, levando para dentro da relação com Tony os casos antigos e as infidelidades atuais, além dos imbróglios profissionais e financeiros. A convivência com o manipulador e violento marido vai aos poucos corroendo a autoestima e a sanidade de Tony, que se sente incapaz de mudar o rumo do casal ou colocar um ponto final nessa ligação – a despeito dos alertas do irmão da protagonista, Solal (interpretado pelo galã blasé Louis Garrel, aqui em um registro mais discreto).
Um dos trunfos de Meu Rei é a atuação soberba de Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel, cujo entrosamento em cena impregna de intensidade e autenticidade tanto os momentos alegres quanto os mais infelizes vividos por seus personagens. O lastro desse drama romântico, entretanto, está na direção segura e no roteiro de Maïwenn e Etienne Comar, que evita simplificações e reducionismos nessa ambivalente radiografia de um amor malsão resistente a tratamentos.
Veja o trailer
PROGRAME-SE
:: O que: drama francês Meu Rei, de Maïwenn
:: Quando: estreia nesta quinta e fica em cartaz até domingo. Sessões quinta e sexta, às 19h30min, e sábado e domingo, às 20h
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás (Luiz Antunes, 312)
:: Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes e idosos)
:: Duração: 128min
:: Classificação: 14 anos