Programado para terça-feira, às 20h, na Sala Caxias Eco Fashion do Centro de Eventos da Festa da Uva, o 1º Caxias Eco Fashion integra a Semana do Meio Ambiente e põe em evidência quatro propostas de moda sustentável desenvolvidas em Caxias do Sul.
Conheça os quatro estilistas caxienses que mostrarão suas criações.
Carolina Potrich
Ter a mãe no ateliê é uma confirmação para Carolina Potrich. Vêm de mãos maternas ensinamentos do crochê que ela reinventa em vestidos, saias e blusas.
Receitas de pontos para uma moda que se sustenta no uso de fios de seda natural, tramada até com resquícios do casulo do bicho. Ela não trabalha só, tem dez crocheteiras consigo. Exerce inclusão social, afirma o feito à mão, tinge suas roupas com matizes de espinafre, cebola, castanha, pêssego. Nesse contexto, Carolina tece uma poética para sua moda. Um exercício que atenta à origem da matéria-prima que usa, concebendo sustentabilidade para além das questões em torno do meio ambiente.
- O trabalho manual é atemporal, tem envolvimento, história, encanto. Quem não tem isso, tá na China - diz a criadora, agulhando certos vetores do fast fashion. Rafaela Tomazzoni
Ainda quando trabalhava na malharia da família, Rafaela Tomazzoni olhava inquieta para os restos de fios. A incomodação virou sua genética, seu estilo. Unindo esses resíduos a ideias de slow fashion, reaproveita recursos para aproximar o manual e o tecnológico no Knit Studio. Obtém resultados inusitados, peças únicas.
Na coleção #Meu Jardim Secreto que apresenta no Caxias Eco Fashion, propõe um tricô derivado de elementos orgânicos, coloridos, irregulares. Nuances, nervuras, texturas que são uma resposta à malharia convencional. Em sua prática 4R, regride, retoma, reavalia e revaloriza materiais e ideias. Mix de referências para conquistar olhares e parceiros de outras tramas do vestir.
- Temos que reaproveitar. Nossos lixões estão lotados. Estou esperançosa quanto ao nosso futuro na moda - fala.
Carlos Bacchi Filho
Carlos Bacchi Filho faz de sua alta costura a extensão de um jeito de viver. Sempre que pode, se aventura por recantos naturais, se preocupa com o descarte dos restos de tecidos, agulhas e alfinetes. Glamour é consciência ecológica, acredita ele:
- Não adianta o ateliê não ser o reflexo do que a gente acredita ser o ideal para o mundo - diz, festejando o fato de já ter criado vestidos com tecidos totalmente sustentáveis para cinco noivas.
No cotidiano, é dos que catequizam seus parceiros na cartilha da renovação de processos. Tinge com pigmentos orgânicos, faz refinada artesania com sedas puras, crepes, musselines e pedrarias. Acredita no artesanato como princípio de refinamento do vestir no mundo contemporâneo:
- Isso nos afastará na ideia de futilidade ligada à moda.
Sidimar Remussi
Há uma década a Upman começou a usar fibra de bambu para fazer cuecas. Optou por um material cuja planta tem renovação mais rápida na natureza. Além disso, as peças se diferenciam pelo conforto, toque, secagem rápida.
Estas escolhas definiram um nicho de mercado. São diferenças que têm valorizado a marca caxiense. A estratégia virou trunfo e exigiu novas opções: algodão orgânico, fios de pet reciclados.
Além de renovar os produtos, a marca reviu seu parque industrial, com estratégias de redução do consumo de energia e das sobras de resíduos, além do descarte correto desses materiais e a coleta e o uso da água da chuva. Gestos de conscientização que reforçam o conceito de valor agregado.
- Não dá para massificar, é preciso buscar o exclusivo, a personalização do gosto - diz o diretor Sidimar Remussi.