Fazia só sete anos que Chico Buarque tinha gravado o primeiro disco quando tocou em Caxias pela primeira e única vez, em 13 de setembro de 1973. Estava acompanhado do quarteto MPB 4 e fez show no ginásio do Colégio do Carmo. A apresentação teve um quê intimista, com o público sentado em volta dele, para ouvir sucessos com posicionamento, essencialmente, antiditadura. A vinda dele para cá, aliás, tinha menor expressão musical do que política e, por causa disso, muita gente preferiu não assistir a um dos artistas brasileiros mais importantes do Século 20.
- Era um ano difícil politicamente, por causa da falta de liberdade. Ele veio por causa de um movimento de MPB em circuitos universitários, com caráter musical mas, principalmente, político. E a canção que mais chamou atenção foi Cálice - conta o ex-prefeito José Ivo Sartori, presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UCS na época e responsável pela articulação da vinda do artista para Caxias.
- Havia um clima de euforia - recorda João Tonus, um dos membros da organização.
Com o músico completando 70 anos, nesta quinta, esse viés revolucionário é ainda significativo. O professor do curso de Música da UCS Luiz Ortiz, ministrante da disciplina História da Música Popular Brasileira, acha fundamental situar o artista na época dos festivais, nas canções de resistência.
Para ele, é um período representativo porque mostra como Chico era naquele momento. Considera-o um seguidor de Noel Rosa, pela utilização do samba sem necessariamente falar de malandragem, por exemplo.
- Chico usa o ritmo de um samba com uma letra política, isso dá consistência - define.
Música
Chico Buarque tocou em Caxias em 1973, durante a ditadura
Artista completa 70 anos nesta quinta
Tríssia Ordovás Sartori
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