A trajetória de 45 anos da empresa Móveis Sular, destacada na coluna da última sexta-feira (18), dialoga com a história do espaço que atualmente abriga parte de seu complexo fabril: os terrenos da antiga Metalúrgica Gazola, na BR-116. Explica-se: o jantar de aniversário da Sular (sábado, dia 19, na CIC) ocorreu quase no mesmo dia do surgimento da extinta Gazola, há 90 anos.
Fundada em 22 de novembro de 1932, sob a denominação inicial de Gazola Travi & Cia, a Indústria Metalúrgica Gazola destacou-se no mercado nacional e internacional pela excelência na fabricação de talheres, baixelas e utensílios de cutelaria. E aproveitou seu jubileu de prata, em 1957, para lançar um álbum comemorativo, recontando sua trajetória (fotos abaixo).
Organizada por Walter Spalding e recheada de dezenas de fotos e ilustrações, a publicação faz um resgate dos primórdios da colonização em Caxias, do surgimento da empresa, da evolução dos produtos e da atuação da Gazola Travi como fornecedora de artefatos bélicos para o Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. Destacava, obviamente, a trajetória de seus idealizadores e principais diretores: José Gazola, Sylvio Gazola, Antonio Gazola, os primos Ivo Antonio e Lívio Cesar, além de José Ariodante Mattana.
Parte deles esteve em um jantar comemorativo dos 25 anos no Clube Juvenil, quando participaram funcionários e diretores de várias seções do complexo fabril – em 1957, a Gazola mantinha as fábricas da Av. Júlio de Castilhos, próximo a Alfredo Chaves, e da BR-116, além do varejo e dos escritórios no Edifício Brazex.
É dessa comemoração a foto acima, disponibilizada pelo leitor e ex-funcionário Adauto Celso Sambaquy, que na época atuava na controladoria de custos. Além dos diretores na mesa ao fundo (Mattana, José, Sylvio e Ivo Gazola), participaram do jantar Cipriano Torresini, Henrique Gazola, Armindo Gubert e Vicente Luiz Marcon, entre outros colegas.
AMPLA GLEBA
Em 1957, em meio às comemorações de seus 25 anos, a Gazola também foi destacada no álbum Caxias do Sul - A Metrópole do Vinho, lançado pelo jornalista Duminiense Paranhos Antunes.
Em uma ampla reportagem de seis páginas, Antunes destacou as instalações da empresa:
“A Indústria Metalúrgica Gazola é dividida em duas plantas: uma no coração da cidade, outra nos subúrbios, em pitoresco alcantilado (terreno em declive), formado de ampla gleba de terras de propriedade da firma, na qual estão os diversos pavilhões. É onde, em futuro próximo, será levantada definitivamente a grande oficina de trabalho dessa importante organização, já que os existentes são acanhados para conter todas as seções em que a mesma se divide”.
A saber: a grande oficina mencionada no texto de 1957 chegou em em 26 de março de 1966, quando a Gazola inaugurou um moderno pavilhão junto ao complexo da BR-116 - onde atualmente funciona a marcenaria da Sular.
PIAZZA CANOVA
Entre as fotos destacadas no álbum de 1957, reproduzimos acima a imagem da praça onde situa-se o obelisco em homenagem às vítimas da grande explosão de 22 de julho de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial.
Recuperado pela Móveis Sular, o pavilhão à esquerda passará a abrigar, em 2023, o novo espaço do Museu da Indústria Metalúrgica (MIM) – Memorial Gazola, mantido pela Sular desde 2013.
É também ao redor dessa área verde – e recheada de história – que um amplo projeto de revitalização já está em andamento, conforme antecipado na coluna desta sexta. O objetivo é que o local abranja, além de todas as operações da Sular, um novo espaço de cultura e lazer para Caxias: a chamada Piazza Canova, com atividades nas áreas de gastronomia, eventos e entretenimento.
O nome faz uma referência à praça histórica existente ali, às origens italianas da família Canevese (proprietária da Sular) e à nova fase da empresa.