Uma história de fé e trabalho iniciada há 114 anos, no interior de Carlos Barbosa, ganha um capítulo especial neste 2022. Falamos do restauro da Capela Santo Antônio de Castro, um dos patrimônios da imigração italiana não apenas da Serra Gaúcha, mas de todo o Rio Grande do Sul. O projeto está em fase de captação de verbas junto a empresas, via Lei de Incentivo à Cultura estadual (leia mais abaixo).
Inaugurada em 1916 — data estampada no acesso ao templo —, a capela comecou a ser projetada oito anos antes, em 1908. Era a época em que os primeiros imigrantes italianos e seus descendentes dividiam-se nas tarefas: enquanto uns deslocavam-se a cavalo para buscar areia em cidades próximas, amassavam o barro com os pés para encaixar nas formas de madeira.
Uma história que atravessou gerações e fortaleceu a religiosidade dos moradores locais.
— A igreja velha já estava aqui em 1926 quando meu avô nasceu; em 1952, quando meu pai nasceu; em 1981, quando eu nasci; em 2011 e 2017, quando meus filhos nasceram. Só em nossa família, já transcende quatro gerações — conta Ana Paula Andreola Buckel, representante da Associação L’amore di Colônia, que propôs o restauro.
Patrimônio material e imaterial
Entre os elementos a serem recuperados estão as pinturas murais, o altar e os ladrilhos do piso. Todos eles integram o projeto de restauro elaborado pela Escaiola Arquitetura Rara, comandada pelas arquitetas Cristiane Rauber e Juliana Betemps.
— Felizmente, estamos numa região em que temos bastante patrimônio, mas é um trabalho de formiguinha que fazemos em conjunto com as comunidades e prefeituras. Trabalhamos conciliando o bem material com o bem imaterial, que consiste em toda a história e as memórias que vêm junto com a capela — destaca Cristiane.
Além da importância para a comunidade, a capela, tombada como patrimônio cultural do município em 2003, é um dos atrativos do roteiro turístico realizado pela associação na comunidade rural.
— Ao iniciarmos o trabalho com os grupos de visitantes, começamos a perceber ainda mais as belezas da igreja. Eles nos questionavam a respeito das pinturas, dos pisos, dos móveis, dos tijolos e tantos outros detalhes que infelizmente não sabíamos — completa Ana Paula Andreola Buckel.
A relevância dessa história para turistas, visitantes e moradores é corroborada pela arquiteta Juliana Betemps.
— É importante proporcionar aos nossos filhos e netos a oportunidade de conhecer esse prédio centenário tal como ele foi construído originalmente.
Como auxiliar
Todo o trabalho de restauro é coletivo, envolvendo poder público, sociedade civil e empresas. Atualmente, 30% dos R$ 881.537,48 necessários para a realização da obra já estão captados via Lei de Incentivo à Cultura estadual, com aprovação do Conselho de Cultura do estado e financiamento das empresas Tramontina, Santa Clara, Galvanotek Embalagens e Sul Nativa transportes.
Para dar seguimento à obra, a comunidade busca agora captar o restante da verba também por meio de incentivo fiscal. Já a Escaiola Arquitetura Rara realizará todos os trâmites burocráticos para a parceria ser concretizada com empresas interessadas, que terão garantido o abatimento de 100% do ICMS investido, com contrapartida de 5% ao Fundo de Apoio à Cultura do RS.
Interessados podem entrar em contato pelo e-mail arquiteturarara@gmail.com ou pelo telefone (54) 99972-7147.
Parcerias
O projeto tem envolvimento da Associação L’Amore Di Colonia, juntamente com a prefeitura de Carlos Barbosa, Associação do Comércio, Indústria e Serviços de Carlos Barbosa-ACI, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associação Braço Forte e a comunidade de Santo Antônio de Castro.