Morro da Usina, Zona Michielon, Rua das Cabritas. Tal qual a Marquês do Herval, abordada na coluna desta sexta-feira, a Rua Os Dezoito do Forte também é farta em estabelecimentos que marcaram época, episódios pitorescos, apelidos, lendas e personagens urbanos.
Uma das curiosidades diz respeito ao seu primeiro nome, Rua Andrade Pinto. A saber: João José Andrade Pinto (1825-1898), personalidade ligada ao Governo Imperial, foi homenageado com a denominação de uma via na antiga Colônia Caxias, cujo traçado já constava no “Projeto da Povoação”, de 1878.
Conforme informações repassadas pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a alteração da denominação para Os Dezoito do Forte ocorreu em 1931, durante a administração do prefeito Miguel Muratore (1930-1935). Era a época em que Caxias buscava homenagear os integrantes da “Revolta dos 18 do Forte”, também conhecida como “Revolta do Forte de Copacabana” – movimento tenentista ocorrido no contexto da República Velha, que, entre outros motivos, demonstrava insatisfação com a eleição presidencial de 1922.
Lourdes e São Pelegrino
Na seleção desta página, os dois extremos da rua, em Lourdes e São Pelegrino, em 1957. Na imagem que abre a matéria, vê-se ao fundo a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, vizinha ao complexo da Vinícola Luiz Michielon – daí por muito tempo aquela parte do bairro ser conhecida por Zona Michielon.
Nas fotos acima, a Dezoito captada a partir da esquina com a Visconde de Pelotas, com o bairro São Pelegrino ao fundo. Era o trecho conhecido por “Lomba da Usina” – ou Morro da Usina –, devido à antiga usina de energia elétrica existente naquele cruzamento. Foi ali que, em 12 de março de 1950, ocorreu uma antológica corrida de carrinhos de lomba, organizada pelo Departamento de Esportes da Rádio Caxias para “bombar” a programação da Festa da Uva de 1950.
O Edifício Santa Teresa
Vários estabelecimentos de ensino tradicionais de Caxias também têm sua trajetória ligada à evolução da Rua Os Dezoito do Forte. Além dos colégios Nossa Senhora do Carmo e São José, e do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), a via foi endereço das aulas da pioneira Faculdade de Ciências Econômicas, mantida pela Mitra Diocesana e oficialmente instalada em 3 de março de 1959.
Foi durante a formatura da primeira turma, em 16 de março de 1963, que ocorreu o descerramento da placa comemorativa do novo prédio da faculdade. Após quatro anos ocorrendo no primeiro andar da Catholica Domus, de 1959 a 1963, as aulas passaram a ser ministradas no novo espaço construído pela Diocese de Caxias do Sul, o Edifício Santa Teresa, erguido bem ao lado (foto acima). Foi lá também que funcionou, a partir de 7 de março de 1963, a antiga Faculdade de Filosofia, que abrigava ainda os cursos de História, Letras e Pedagogia.