Em tempos de Feira do Livro, recordamos de um dos espaços responsáveis por alavancar e formar o hábito da leitura entre os caxienses a partir do final dos anos 1940. Falamos da Biblioteca Pública Municipal Dr. Demetrio Niederauer, fundada juntamente com o Museu Municipal em 3 de outubro de 1947.
Localizada junto ao prédio que também abrigava a antiga Escola Municipal de Belas Artes, na Rua Dr. Montaury, entre a Júlio e a Sinimbu, a “biblio” teve parte de sua trajetória resgatada no livro comemorativo A História nas Estantes, lançado em 2007 por ocasião de seu aniversário de 60 anos.
Com fotos de Janete Kriger e textos do autor Marcos Fernando Kirst, a publicação detalhou desde a nomeação do advogado, professor e poeta Demetrio Niederauer como primeiro diretor, em 30 de dezembro de 1947, até o “movimento” de leitores.
Conforme Kirst, até o final de 1948, foram 731 usuários por mês:
“De 1º de janeiro a 31 de dezembro daquele primeiro ano inteiro de atividades (1948), o espaço receberia 8.774 visitantes, buscando informações entre os cerca de 3 mil volumes com os quais as atividades culturais ali tiveram início, em outubro de 1947. O aumento da procura nos primeiros anos de funcionamento aconteceria de forma acelerada, comprovando a demanda reprimida que existia na cidade e região por um local que proporcionasse acesso amplo e democrático à leitura. Em 1951, o acervo já seria de 5 mil exemplares, frutos da aquisição contínua de volumes e das doações que já começavam a acontecer e virariam prática usual durante todas as décadas posteriores. Desde a abertura das portas até o final de 1951, os registros de movimentação, cuidadosamente administrados pela primeira bibliotecária, Luiza Manfro Crippa (a dona Luizinha, como carinhosamente logo viria a ser conhecida) e pelo primeiro diretor e fundador, Demetrio Niederauer, indicariam o exato número total de 60.290 consulentes naqueles primeiros quatro anos e três meses de atividades”.
Deveres escolares e leitura de jornais
Na foto que abre a matéria, vemos a sala de leitura. Era onde, segundo relato publicado em uma das edições da revista Odisséia de 1949, “se reúnem, à tarde, estudantes que ali vão colher dados para os deveres escolares. À noite, não só estudantes, mas gente de todas as profissões. Cidadãos de idade madura ali vão ler jornais ou livros de sua preferência, assim como jovens operários que vão consultar livros técnicos, ler revistas, etc”.