Referências à infância, à juventude e ao cotidiano em família não faltam na Casa dos Móveis Antigos, turbinada pelo slogan “o passado mora aqui”. Em menos de meia hora na loja da Rua Sinimbu, ao lado do Zaffari Lourdes, foi possível ouvir de dois clientes aquelas exclamações típicas de quem perambula por briques e antiquários: "lá em casa tinha isso, usei muito isso, brinquei muito com isso".
– Algumas pessoas até se emocionam quando enxergam aqui as coisas que usavam ou tinham em casa antigamente – entrega o proprietário Gilmar Francisco dos Santos.
Antiquários e colecionadores, um mundo à parte
Confira sete dicas na hora de garimpar objetos antigos
É a memória afetiva dos objetos – e uma espécie de saudosismo cada vez maior do consumidor frente à padronização atual – que faz o negócio de Gilmar praticamente extrapolar os limites da loja. A sala principal quase já não comporta mais tantos itens, o depósito atrás virou um anexo da loja, assim como a oficina de restauração e a marcenaria ao lado. Chamariz da clientela, os rádios, acordeons e cadeiras dispostos próximos à calçada também estão com espaço reduzido. Tanto que o comerciante já está em busca de outro local.
– Penso em separar nessa nova loja peças mais sofisticadas e de mais valor – adianta.
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A memória dos objetos
Lembranças esquecidas no guarda-corpo
Prataria do Eberle e gaitas Todeschini
Em meio a um acervo aproximado de 12 mil itens, englobando centenas de louças, porcelanas, móveis, lustres, faqueiros, brinquedos, discos de vinil, baleiros, eletroeletrônicos, vitrolas, balanças Filizola e até lambretas, Gilmar não titubeia na hora de elencar as coqueluches da loja, para usar um vocabulário de época:
– Peças do Eberle e gaitas da Todeschini. Não param na loja – diz, apontando para um conjunto de chá em prata da antiga metalúrgica, que saiu no mesmo dia em que entrou.
Além dos modelos Super 8 e Super 6 produzidos pela lendária fábrica de acordeons de Bento Gonçalves, a preferência dos consumidores recai sobre sinos, bigornas e, mais recentemente, discos de vinil. Já na marcenaria anexa, Gilmar produz peças a partir de madeira de demolição, outro nicho que dialoga com os objetos garimpados pelo interior, em casas prestes a serem demolidas ou junto a famílias que buscam se desfazer de seus acervos.
Entre clientes fiéis e passantes que entram apenas "para dar um olhadinha", vários negócios e encomendas já foram firmados.
– Alguns objetos acho que um dia vão acabar – referindo-se à dificuldade de encontrar certas peças.
Pelo vaivém de curiosos dentro da loja, no entanto, procura sempre vai haver...
Um perfil crescente
Redes sociais são terrenos férteis para o charme dos objetos vintage. Compartilhando a última aquisição garimpada, anunciando, leiloando ou curtindo o "achado" de um amigo colecionador no Instagram ou Facebook, comerciantes estão cada vez mais estão antenados aos desejos de seus consumidores.
Abraão Franco, mais conhecido por Abba Franco, percebeu esse filão e focou suas vendas em uma clientela basicamente virtual.
– Hoje, 70% das vendas ocorre pela internet. Publico bastante no meu perfil pessoal e tenho clientes fixos – revela Abba, no mercado de objetos antigos há 10 anos.
Louças e miniaturas
O acervo, mantido na própria casa, costuma atrair principalmente colecionadores dos produtos da Metalúrgica Abramo Eberle, ávidos pelas lendárias facas de gaúcho prateadas e por peças militares e de montaria.
– Uma das últimas foi uma faca em prata 800 e ouro adquirida por um comprador de São Paulo – revela Abba, cujo acervo engloba ainda rádios, vitrolas dos anos 1950 e 1960, lustres, bules esmaltados, relógios de parede, brinquedos de lata, louças, miniaturas de garrafas e souvenires de antigas vinícolas de Caxias e até geladeiras.
Objetos aparentemente improváveis também têm saída:
_ Esta semana vendi cinco sacolas plásticas dos antigos Super Cesa e Calcagnotto. Era um fã de mercados.
Coisas de colecionador...
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