Compreendendo trechos dos bairros Lourdes, Exposição, São Leopoldo e Rio Branco, a Rua Tronca têm sua origem e evolução diretamente ligadas à trajetória do imigrante que lhe empresta nome: Domenico Tronca (1865-1949).
Nascido em Caldogno, na província de Vicenza, o jovem migrou para o Brasil aos 20 anos, em 1885, 10 anos após o início da colonização italiana na região. Encerrada uma breve sociedade com o empresário Luiz Antunes, Domenico abriu, por volta de 1908, sua própria cantina, então localizada numa área compreendida entre as ruas Tronca, Visconde de Pelotas, Garibaldi e Sarmento Leite.
Visionário, o italiano também organizou uma empresa de transporte por carretas, para escoar a produção de vinhos e iguarias coloniais, e fundou uma tanoaria, onde eram produzidos os barris para o armazenamento da bebida. O imigrante, inclusive, acolheu alguns dos primeiros tanoeiros portugueses que se instalaram nas imediações – e que contribuíram para que a região ficasse conhecida como bairro lusitano.
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Com a venda da Cantina Tronca, em meados de 1929, Domenico somou a seu patrimônio mais uma grande quantidade de terras. Parte delas foi dividida em lotes e comercializada entre os moradores com menos recursos financeiros, que foram abrindo ruas e se estabelecendo na área compreendida entre a atual prefeitura e o quartel.
É desse trecho, entre a Rua Henrique Dias e a Av. Rio Branco (ao fundo), a foto maior acima, datada de 1958. A imagem destaca o então 3º Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos 40mm e algumas construções existentes até hoje.
Entre eles, o casarão de madeira em primeiro plano à esquerda e os sobrados de alvenaria defronte ao quartel. À direita, as casas fronteiriças ao antigo milharal que se estendia até a Rua Olavo Bilac — nos anos 1990, o terreno, pertencente à Vinícola Riograndense, foi desapropriado para o prolongamento da Rua Feijó Jr. até a Tronca, onde mesclou-se com a Visconde de Taunay.
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Na década de 1930
Domenico Tronca também acompanhou a evolução da via que recebeu seu nome, principalmente na gestão de Miguel Muratore, prefeito de Caxias entre 1930 e 1935. Nas imagens acima e abaixo, integrantes do acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, vemos Domenico (à direita, de boné) e Muratore conferindo os trabalhos de macadamização da rua, no início da década de 1930. Era o processo de assentar três camadas de pedras em uma fundação com valas laterais, para a drenagem da água da chuva.
Nos anos 1960
Registros no antigo jornal Caxias Magazine, na segunda metade dos anos 1960, destacam os trabalhos de calçamento da Rua Tronca, no trecho entre a Alfredo Chaves e a BR-116, durante a administração do prefeito Hermes Weber. Matéria da edição de 7 de agosto de 1965 informa que "o calçamento está sendo procedido numa extensão de 2 mil metros, em que serão empregados 800 mil paralelepípedos".
Confira abaixo algumas matérias veiculadas na época. Os jornais foram reproduzidos do Centro de Memória da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, que disponibiliza consulta online a boa parte dos periódicos editados em Caxias do Sul desde o final do século 19.
Com a colaboração do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
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