Quase 60 anos separam os dois acontecimentos, mas ambos são emblemáticos da trajetória da mais importante indústria metalúrgica da região no século 20. Falamos da abertura da exposição das portas de bronze da Basílica de Belém do Pará, em agosto de 1959, e o simbólico abraço à Maesa, ocorrido neste domingo à tarde, defronte à entrada da velha fábrica, na Rua Plácido de Castro (leia mais abaixo). Os dois episódios dialogam com as lembranças e expectativas de um funcionário que teve parte de sua vida atrelada ao Eberle: o aposentado Alvis Santos Fiedler, 87 anos.
Seu Alvis atuou no setor de gravação da metalúrgica por mais de 20 anos – entre 1945 e 1966. Embora trabalhando na fábrica do Centro, o jovem integrou a equipe responsável pela confecção das portas de bronze, tanto a central, concluída em 1953, quanto as laterais, finalizadas em 1959 – no prédio da Sinimbu foi feita a parte artística e os moldes; na Fábrica 2 (Maesa), a fundição em si.
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O ex-funcionário não foi ao abraço deste domingo, devido ao mau tempo, mas divide as lembranças do Eberle com uma boa dose de entusiasmo ao ver tanta gente envolvida e debatendo o espaço. E deixa claro um desejo, mesclando o passado e o futuro do prédio.
– Gostaria que lá tivesse um museu da Metalúrgica Abramo Eberle, para as pessoas conhecerem a história. Também um mercado público, um cinema. Tem aquela praça no meio da fábrica, que as pessoas poderiam frequentar e desfrutar, seria muito bom....
É do acervo de seu Alvis a imagem acima, da abertura da mostra, em 13 de agosto de 1959, na Maesa. A solenidade teve como convidada de honra Neusa Goulart Brizola, esposa do então governador Leonel Brizola. A primeira-dama do Estado descerrou as cortinas acompanhada por diretores, políticos, autoridades civis e militares, e operários que atuaram na confecção das portas.
Na imagem estão, além de Neusa (a senhora de branco, à frente), o diretor Júlio João Eberle e a esposa, Alda Muratore Eberle, Tito Bettini (coordenador dos trabalhos de fundição), Hugo Seidl (diretor da seção de gravação), Américo Garbin Henrique Maggi, Adair Sachet, Pedro Longhi, José Schwertner, Rui Raabe e, logicamente, o próprio Alvis Santos Fiedler, entre dezenas de outros trabalhadores da fábrica.
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Visitação
As portas de bronze ficaram expostas na Maesa durante os meses de agosto e setembro de 1959, recebendo centenas de visitantes do Rio Grande do Sul e do país. Somente em março de 1960 elas foram instaladas na Basílica de Belém do Pará, onde são uma atração até hoje.
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Abraço simbólico
Cerca de 100 participantes passaram pela Rua Plácido de Castro, defronte à Maesa, neste domingo à tarde. Mesclando música, dança e intervenções teatrais, o manifesto "Abrace a Maesa" buscou chamar a atenção para a ocupação do espaço pela comunidade artística e cultural, além de cobrar mais agilidade do poder público para o avanço dos projetos.
A ideia da organização era contar com um número capaz de abraçar o quarteirão (cerca de 800 pessoas), o que acabou não ocorrendo – muito em função do frio e da garoa do final da tarde. O abraço simbólico, com os participantes envergando guarda-chuvas coloridos, ocorreu defronte ao portão da Rua Plácido de Castro.
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