O professor italiano Luigi Facchin contribuiu com a história da educação de Caxias do Sul, principalmente na Linha Feijó. Facchin nasceu em Salzen, que fica na comune de Sovramonte, província de Belluno, na Itália. Conforme ampla pesquisa desenvolvida pelos familiares, ele deixou sua localidade no dia 13 de junho de 1885, ano em que chegou ao Brasil junto de sua mulher, Maria, e sua primogênita Herminia, que tinha apenas 10 meses.
Facchin trouxe na bagagem livros clássicos, manuais de orações e quadros de santos, comprovando que nem todo imigrante italiano era iletrado. No Brasil, fixou-se na comunidade conhecida atualmente como São Marcos da Linha Feijó, interior de Caxias do Sul.
Foi ele o mentor do padroeiro da comunidade, onde era conhecido como Maestro, já que além de ser professor público, orientava a todos desde assuntos diversos até inventários. No Brasil, assumiu o nome Luiz Facchin. Ele faleceu em 02 de junho de 1922, aos 63 anos. Atualmente, há uma rua no bairro São José que leva o seu nome (Rua Professor Luiz Facchin).
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Facchin e Maria tiveram 14 filhos, porém apenas nove chegaram a idade adulta: sete mulheres (Herminia, Carlota, Sebia, Elvira, Giacomina, Olinda e Maria) e dois homens (João Bortolo e Bortolo Luiz). O nome Bortolo nos dois herdeiros homens foi em homenagem ao pai de Facchin, que também se chamava assim.
Dos dois homens, João era quem tinha tudo para seguir o caminho do pai, porém uma bala que atravessou sua cabeça lhe tirou os dons que possuía, sobrevivendo, segundo familiares da época, graças a uma promessa a Nossa Senhora de Caravaggio.
João viveu muitos anos, sem nunca casar ou ter filhos. O outro filho homem, o caçula Bortolo, foi quem deu sequência ao sobrenome do pai. Viveu na agricultura, tendo gerado 13 filhos: Luiz, Ulderico, Maria, Selvina, Albina, Ana, Eni, Paulo, Armando, Louri, Eloi, Lourindo e Caetano.
A passagem pelas salas de aula
Luiz Facchin foi um dos primeiros professores da Colônia Caxias, tendo começado a lecionar no ano de 1890 (ano em que Caxias virou cidade), como professor interino na Colônia Sertorina – atual Linha Feijó.
Em 1892, assumiu em definitivo a regência das aulas nesta localidade. Estudou antes em Porto Alegre, provavelmente para aprender a língua portuguesa. Deu aulas até 31 de maio de 1922, dias antes de falecer. A família ainda guarda cadernos de registros de presenças e matrículas, assim como de inspeções municipais e inventários realizados na escola, de 1890 até 1922.
Nesta época, a Intendência Municipal fiscalizava as escolas, avaliando os alunos para ver se o aprendizado estava de acordo com o determinado. O professor ainda mantinha contato com Borges de Medeiros, presidente do Rio Grande do Sul na época, ao qual se comunicava por cartas, desde assuntos cotidianos até políticos.
Construtor
Luiz Facchin levantava às 5h30min e, após o café, lecionava até 11h30min. À tarde, ainda era agricultor e pedreiro. Marretando pedras por conta, construiu um capitel em honra a Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, em 1910. Iniciou outro, em honra a São Paulo, porém não finalizado devido a sua morte.
Leia amanhã
Saiba como foi a viagem do professor Luiz Facchin à Europa e ao Oriente Médio, em 1910.
Informações desta coluna são uma contribuição do estudante de Engenharia Mecânica e bisneto de Facchin, Jeverson Luiz Facchin.