Entre as milhares de pessoas que deixaram a Itália em busca de melhores condições de vida, em 1875, estavam os imigrantes Antônio Tonet e Catterina Lorenzon. O casal saiu da comunidade de Miane, na região do Vêneto, para embarcar em Gênova rumo ao Brasil. A jornada foi acompanhada pelos filhos Girolamo e Angela, à época com quatro e oito anos, respectivamente. Quando desembarcou no porto do Rio de Janeiro, a família passou pela chamada "quarentena", e posteriormente, seguiu para Porto Alegre. Da Capital, o deslocamento foi feito de barco até a localidade de São José de Montenegro. O percurso, porém, não acabou por aí: os imigrantes andaram (uns a pé, outros a cavalo) 75 quilômetros até o núcleo Conde D'Eu, atual cidade de Garibaldi.
Os Tonet começaram a vida no Rio Grande do Sul na Linha Borghetto, onde plantaram as mudas de parreira trazidas da Itália, juntamente com outras sementes. Alguns anos depois, Antônio faleceu, o que fez com que o filho Girolamo assumisse os compromissos da família. Ele casou-se com Emilia Trevisan, com quem teve os filhos Rosa, Antônio, Emilio, Lucia, Maria e Catherina. Por volta de 1892, a família mudou-se para Farroupilha, onde instalou uma serraria e um barbacuá.
No início do século 20, a diminuição dos pinheiros na localidade fez com que os Tonet se transferissem para Nova Pádua, à época distrito de Flores da Cunha. Além de uma serraria, a família cultivava parreiras e outros produtos agrícolas. Por lá, eles tiveram mais cinco filhos: Ernesto, Pedro, Girolamo Filho, Angelina e Armelinda Angela, sendo que Pedro e Girolamo faleceram com poucos dias de vida e Angelina, com apenas 11 meses.
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Encontro da família Menegat movimenta Nova Pádua.
Nova Pádua: uma foto em 1924
Para resgatar a memória da família, em 2009 ocorreu o primeiro encontro dos Tonet no Travessão Leonel, em Nova Pádua. A festa foi coordenada por Girolamo (filho de Ernesto) e sua esposa, a professora Gema Menegat Tonet. Cerca de 500 pessoas participaram do evento, que também comemorou o aniversário de 90 anos de Armelinda Angela, nascida em 1919.
Na imagem acima, um registro da família de Girolamo e Emilia Trevisan em 1924, em Nova Pádua. Em pé da direita para a esquerda estão os filhos Ernesto, Emilio, Antônio, Rosa, Maria e Lucia. Sentados: o patriarca Girolamo, a caçula Armelinda Angela, a matriarca Emilia e a filha Catherina.
A igreja
Foi na igreja do Travessão Leonel (foto), em Nova Pádua, que a filha caçula de Girolamo e Emilia, Armelinda Angela, foi batizada com apenas oito horas de vida, para aproveitar a visita do sacerdote na comunidade.
– A nonna nem foi para o batizado, minha mãe foi levada pela dinda – conta Alcides Sartori, filho de Armelinda Angela.
Armelinda Angela e Atilio Sensolo foram as primeiras crianças batizadas na capela construída em 1919.
Informações desta coluna são uma colaboração de Alcides Sartori, filho de Armelinda Angela.
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