Desisto de perseguir o pôr do sol em um lugar especial, porque vale mesmo a companhia para contemplar o momento. Suspiro e deixo de fotografá-lo. Gosto de fotografar quase tudo, depois que assisti ao vídeo de um taxista chorando porque não tinha foto da mulher morta em momentos comuns do cotidiano. Só tinha imagens dela arrumada e maquiada e ela não era assim. Também não sou. Tine reclama disso e recomenda que, ao menos, eu use rímel. Como ela é superarrumada, deve saber do que está falando e eu acredito. Aliás, costumo acreditar nas pessoas, nas boas intenções, na sinceridade dos relacionamentos. Às vezes, Shirlei lembra que somos parecidas nisso. A gente acredita e isso é bom, apesar do mundo tentar mostrar o contrário. Algumas amigas riem de mim por causa disso. Eu não ligo e acho graça. Meu vô falava do meu sorriso e as pessoas ainda falam. Rir é tipo dançar, só dá pra fazer com vontade. Haja tempo pra tanta vontade. Queria ter ido nas sessões de autógrafos dos livros da Aline e do Marcelo, duas pessoas queridas e especiais, mas não consegui. Frases corporativas dizem que feito é melhor do que perfeito. Sempre duvidei um pouco disso. Ainda mais depois da palestra do Eduardo Shinyashiki. A matéria do Andrei me deixou com vontade de assisti-lo e trocamos boas impressões sobre ele. E sobre o Mississipi. Minha mãe já tinha me recomendado esse evento. Sempre duvido de lições de autoajuda, mas descobri que isso também era uma lição para mim. Afastar preconceitos precisa ser latente, o tempo todo. Dizer eu te amo é simples, mas não é fácil. Ou vice-versa. Eduardo contou um monte de histórias interessantes. Instigou a pensar além do óbvio, a interagir com estranhos. Gostei de várias partes e bastante de quando disse que quando a gente quer machucar alguém faz com que a pessoa não se sinta importante. Pensei se bloquear ou apagar o contato do celular de alguém entram nessa categoria. Todo excesso esconde uma falta, dizem os estudiosos. Essa tentativa de machucar se transforma em grito de desespero. Tipo a mulher de um ex-melhor amigo me stalkear numa rede social. Sempre sei que algo ruim está acontecendo com eles. Nem gosto de usar estrangeirismos e talvez perseguir fosse melhor mesmo. Uma profe de inglês me corrigiu anos atrás, quando fiz uma crônica sugerindo que stalkear podia ter uma função boa. Ela mandou a explicação linguística e, sim, eu acredito em linguística. Não tenho acreditado muito no que vejo no Instagram. Acredito que algumas palavras são melhores em outra língua. Não tem por que traduzir tchavada, já que não existe similar em português melhor do que no talian. Para aprender, temos que ler e ler. Sempre. Quero que todos conheçam Aline Bei, minha recomendação literária mais recorrente. Ela diz que morrer é como bife, é não poder mais escolher o que fazer com sua carne. Vivos, nem sempre conseguimos escolher, mas tentamos. Ando focada em escolher bem as companhias para ver o pôr do sol. O sol vai e volta, elas sempre ficam em algum lugar de nós.
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Notícia
Em busca de si
Desencadeamentos poéticos do cotidiano resumem parte de nossa existência
Tríssia Ordovás Sartori
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