30 e tantos anos, caríssimos, para me sentir linda. Pode um absurdo desse? Sim, com este rosto, este corpo, este sorriso e este espírito. Tudo tão deslumbrante, tão herdado de mil gentes lindas. E assim, no caos delicioso dessa reflexão, daremos início à nossa frutífera semana. Entre abacaxis e morangos, muito será colhido.
A colunista de vocês está otimista atualmente. Ou isso, ou o delírio tomou conta dos dias e fez de meus psicodélicos sonhos, reais. Tá tudo fluorescente, meio magenta e um tanto ciano demais. Tá perfeito, acho. É isso, a mulher surtou. Quem dera, quem dera.
Qual capricorniana se permite o surto? Bom, não conheço nenhuma. Eu só choro a cada ano bissexto. Sim, estou falando com graça, só que sem brincadeira. Tenho períodos de aridez como os desertos, tenho período de águas como florestas tropicais. Sou uma mulher sazonal.
Sazonal e belíssima, como tudo que é fruto da força da natureza. Flores estranhas, plantas variadas e estações confusas. Tudo no mundo é dotado de razão de viver, como eu que, a cada dia decido se vou existir como uma dama de ferro no meu escritório ou sair por aí esvoaçante mulher inspiradora?
Hoje, inspirei muita gente, sabe? Sim, sobretudo a mim mesma. Tinha a necessidade de sair à rua, geralmente eu resisto o quanto posso, mas me vesti de dia ensolarado e fui. Rapidamente eu já brilhava, enquanto minhas panturrilhas eram tensionadas ruas acima ao som de trilhas sonoras aleatórias. Não lembro de música, mas lembro de me sentir uma grande criatura vitoriosa.
Gostei demais da sensação de rir ante meus caixões emocionais, espero que vire costume. Para alguém meio sem ciência do próprio propósito como eu, qualquer mínimo prazer vira vício ou desafio. Sim, falo sério, pergunte às minhas plantas reclamantes do cotidiano afogar já que encasquetei que o tempo tá seco.
Brinco sem risos, me dou por capricho, tudo só para dizer que se levar a sério ou não, não fará diferença no futuro que você tem que cumprir. Ninguém apaga seu CPF de suas obrigações, ninguém apaga seus traumas de sua memória, ninguém ameniza as dores do seu coração. Ninguém, só você.
Então, amiga, amigo, amigue, você, siga fingindo estar bem, bote uma roupa sexy e vá às suas obrigações ou aos seus passeios. Siga ao mercado, farmácia, açougue, hospital… siga em beleza e sorriso. Bote sua música favorita no fone de ouvido e sorria, mesmo que o coração sangre. Siga como eu, se sentindo a mulher mais bela a pisar sobre a terra, numa quinta-feira bem comum. Sinta: observada, fotografada, sob holofotes de luzes planejadas para exaltar a sua beleza.
Ninguém vê todo o seu trabalho, tudo que emana em dor e você imprime em beleza de todas as cores. Ninguém nunca viu o seu coração, nem o meu.