Estamos, desde sempre, em constante mutação. Bom, foi assim que chegamos até aqui. Transformando, evoluindo. O meio, nós. Impossível que durmamos as mesmas pessoas as quais acordamos. A pessoa que fomos ontem já sabemos, já conhecemos.
Permanecer pode ser mais fácil, eu sei. Já carreguei nas costas o peso da estática. Esta que nos dá o conforto da covardia. Ficar exatamente onde se está nos faz não ter que encarar as dores que a mudança traz. Sim, mudar dói, mesmo que seja algo mínimo. Mudar exige olhar para dentro, encarar o espelho e assumir que não há perfeição.
Ninguém está totalmente satisfeito com quem se é. E tudo bem. Eu, particularmente, não vejo com os melhores olhos aqueles que se veem divinos. Vejo-os incautos e vaidosos. Oras, quem, enquanto ser humano, nada tem a melhorar?
Cada um de nós é um conjunto perfeitamente desconjuntado de carne, ossos e espírito. Estamos todos aqui, a dividir a existência, o passo largo ou titubeante de caminhar sobre este planeta úmido. Possivelmente, compartilhamos a sina de tentar ser gente melhor, mais expressiva, mais bela – até do lado avesso da costura. Sina duríssima essa. E belíssima, também.
Viver é uma viagem a barco, num mar que, por vezes, é revoltoso e, em outras, se mostra tranquilo e acolhedor. Por mais que a viagem seja difícil, minha experiência já me ensinou que sempre podemos dar conta. Não importa em quais condições da viagem, o importante é que estamos navegando. No meu caso, mesmo que mal tenha adentrado a um barco, mesmo que eu conheça tão pouco do mar, velejo rumo aos meus sonhos. Não temo ficar à deriva, hora dessas, eu me encontro.
Viver é seguir. Seguir é mudar. Então, mude, se quiser.
Mude de casa, de país, de relacionamento. Mude as metas, o caminho costumeiro do cotidiano. Mude de trabalho, de faculdade, de posicionamento, de atitude. Mude os móveis do quarto de lugar. Sua cama na contramão da porta pode te trazer uma nova perspectiva de olhar. E essa outra possibilidade pode alterar tudo. E se o mundo virar de cabeça pra baixo, você pode aprender a plantar bananeira. Não ia ser demais?
Não está feliz? Pare, reflita, se organize, mude!
Mude hábitos se achar que deve. Se tiver vontade. Comece hoje, não espere mais. A melhor segunda-feira para se começar vida nova pode ser a quarta-feira que você decidir. O tempo é todo seu!
Mas, veja bem, mude porque você acredita que será o melhor a se fazer. Mudança exige percorrer um caminho de dor dentro da adaptação e, muitas vezes, caminhar no escuro. Nenhuma personalidade influenciadora “good-vibes-namastê-coach-de-sucesso” entende o seu eu mais profundo e suas necessidades reais.
Desconfio, porém, que Belchior tinha razão. Viver plenamente tem muito a ver com amar e mudar as coisas. E, isso, com certeza, me interessa mais.