Era perto da uma da tarde quando o trânsito na Rua Alfredo Chaves parou e uma longa fila de carros se formou em questão de segundos. Levou algum tempo para eu perceber que, mais adiante, trabalhadores consertavam algum problema que tinha surgido no asfalto. Enfim, problemas do acaso e que fazem parte do cotidiano. Fazer o quê? Buzinar, é claro! Pelo menos foi isso o que todos os carros passaram a fazer ao meu redor.
Tive que rir da situação. Enquanto alguns motoristas gritavam pelo prefeito, já que o engarrafamento se instalou bem em frente à prefeitura, outros soltavam palavrões que se confundiam com o som das buzinas. Não sei dizer ao certo qual era o objetivo: de repente descobrir asas escondidas em cada carro ou pressionar a obra em andamento para que a mesma fosse concluída de uma vez. Seja qual for a opção que elucide tal mistério, o que a rua conquistou foi só mais um pouco de tumulto e dor de cabeça, visto que de nada adiantou.
Que nós todos andamos sem muita paciência já sabemos, mas o que mais me desafia é entender o raciocínio do ser humano que acredita que uma buzina vai salvar o seu dia. Aquela mesma buzina que só serve para alertar alguém, pedestre ou motorista, mas que de nada resolve em casos como esse. E estou contando esse episódio só para ilustrar o que volta e meia digo: estamos sempre correndo, e na maioria das vezes ninguém sabe ao certo para onde.
Uma vez li que Chico Xavier rezava e pedia por paciência todas as noites. E realmente ele estava certo. Talvez essa seja uma das virtudes mais gloriosas, principalmente nesses tempos em que vivemos. Se eu abro o celular e vejo minhas mensagens, a maioria traz tom de urgência e brada por um retorno o mais breve possível. Quer dizer... Estamos atarefados demais, perdemos o controle do espaço-tempo, ou a tecnologia simplesmente nos permite uma invasão-pressão a qualquer hora do dia?
Talvez seja tudo isso. Não quero bancar o saudosista chato que chora ao lembrar do tempo dos e-mails onde as respostas eram mais demoradas, ou melhor, onde existia calma e tudo acontecia no seu tempo. Parece que foi de supetão, sim, exatamente como a rua que bloqueou de uma hora para outra: estamos com pressa porque vivemos atrasados e atarefados. E se nos deparamos com um imprevisto no meio do caminho, não há nada a se fazer. Não há pressão que acelere alguma demanda quando na verdade estamos cheios delas. Não há buzina que resolva. O negócio é esperar _ e acho que essa palavra nunca foi tão temida quanto agora.
Fazer o quê? Paciência.