Vi um rato feliz. Bem, só podia ser felicidade aquele estado de agitação do bicho numa pequena moita antes do contêiner de lixo. Eu levava um saco a descartar, quando me assustei com os movimentos do roedor cinzento e peludo quase aos meus pés. Os instintos acionaram o alerta de perigo com um arrepio gelado. Rapidamente, saí do caminho e ganhei a rua, de olho vivo no bicho. Ele ignorou minha presença e ficou pulando, todo elétrico, parecendo contente de entrar e sair do matinho que invadia a calçada. Depositei o lixo no contêiner e voltei pela rua, sempre atento à ameaça que a mente associa a toda sorte de doenças. Mais adiante, parei para olhar: e o rato lá, lépido, brincando com não sei o quê. Achei até graça daquele ânimo.
Epifania
Opinião
O rato feliz
Sob o Sol de Sagitário, o encontro com um roedor tido por nocivo acionou em mim questionamentos filosóficos
Nivaldo Pereira
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