Nosso mundo é intenso e queremos extrair dele um sentido do que vemos à nossa volta e questionar: qual é a natureza do afeto paterno? Qual o nosso lugar e de onde ele vem? Por que é desse jeito? Para responder essas perguntas, conversamos com o pai de carteirinha, Pablo Beck Puhle, filho de Sérgio Augusto Puhle e Ana Lúcia Beck, que deixa esse espaço alusivo ao domingo que celebra o Dia dos Pais. O dentista e marido da colega de profissão, Giovana Formolo Dalla Vecchia, pai de Verônica Formolo Dalla Vecchia Beck Puhle, nove anos, nasceu em Santa Maria, em uma família repleta de irmãos que atualmente lhe rende as respostas certas para nossas indagações. No início, ele pouco sabia sobre paternidade, mas quando descobriu que se tornaria pai, mergulhou nesta responsabilidade e desafio. Verônica é exemplo de inspiração e amor incondicional no núcleo familiar para uma grande população que os acompanha.
Juntos, sacodem as redes sociais com vídeos descontraídos em momentos espontâneos e contabilizam 2,2 milhões de seguidores no Instagram e 1,9 milhões no TikTok (@pabloeveronicaoficial), uma espécie de fenômeno de conexão afetiva surgido em Caxias do Sul para o mundo. Entre as postagens, as que mais chamam atenção são as coreografias que pai e filha gravam em frente ao espelho do banheiro de casa sem grandes produções.
— Os vídeos para o Instagram e Tik Tok, são consequências de uma brincadeira e acontecem quando a Verônica está disposta. O making off da mamãe é repleto de vídeos e fotos de bastidores — revela.
Tudo é muito vivo e espontâneo. Conforme Pablo, é a vida como ela é. Expressam alegria e simplicidade capazes de aproximar as pessoas.
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Três perguntas para Pablo:
O que já aprendeu com a filha? Só coisas boas. Ser mais paciente e mais alegre. A enxergar o mundo com olhos de esperança. Desde que Verônica começou a articular suas primeiras palavras, tem assuntos e argumentos incríveis. Que surpreendem. E sempre tem uma alternativa para as situações ruins se tornarem positivas.
A paternidade mudou sua forma de enxergar o mundo? Tudo. Vivia, experimentava, planejava e pouco refletia. Me deixou exageradamente protetor. Isso nem sempre é bom, mas prefiro pecar pelo excesso de zelo e lapidar o necessário.
Qual sua mensagem aconselha para os pais? Dediquem o máximo de tempo aos seus filhos. Deixem de lado um pouco dos problemas, por mais que seja difícil, não significa esquecê-los, mas viver os momentos com intensidade. Quando se está junto, viva o presente. Tudo passa muito rápido.
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— Dedico todos os momentos que consigo entre um compromisso e outro para a Verônica. Os horários de trabalho da Giovana e os meus são variados e isso dinamiza nosso convívio, permitindo estreitar essa relação de paternidade que é tão importante — conta, o sempre bem-humorado, paizão de plantão.
Ser pai na vida real vai muito além do que se imagina. É cuidar, ouvir e dialogar. Gestos e olhares são importantes para este vínculo. Ele confessa que a relação com o pai dele foi fisicamente distante. Pablo residia em Santa Maria com a mãe e o visitava em Brasília durante as férias. As memórias daquele intervalo de tempo são de momentos alegres, na maioria das vezes, eram vivenciados no parque da cidade.
— A história que sempre conheci como "normal" era de pais pouco presentes. Talvez por isso não me imaginava sendo um. Mas, hoje, definitivamente entendo os motivos, os momentos e as razões da forma como fui criado. Proporciono experiências e lembranças diferentes com a Verônica — diz, Pablo. A melhor parte em ser pai é a reciprocidade de carinho e o brilho no olho. A verdadeira sensação de que alguém realmente te admira independentemente de qualquer coisa — complementa.
E sobre ressignificar, a dupla sabe muito bem como fazer. Se divertir em frente às câmeras já virou rotina, mas nada de monotonia. Os dias agitados são bem regrados e Verônica segue à risca sua agenda de tarefas, sem esquecer de dedicar-se à escola, a um tempo longe das telas e ainda mais próximo da família.
— Nossa preocupação é com essa questão da mídia, da exposição e como ela vai lidar com isso futuramente. Porque existe muita exigência e no nosso entendimento não é saudável para a infância — relata, o pai do dia — Uma vez que vivemos em um cenário tecnológico, as responsabilidades aumentam, principalmente no que diz respeito a atenção que deve ser dada aos filhos presencialmente. Do contrário, tudo se torna digital. Vejo muito isso, é fácil deixar a criança quieta se o celular estiver na mão dela. É importante aprender a otimizar o tempo de uso da tecnologia. Os acessos de conteúdos são limitados e acompanhados por mim e por Giovana. Inclusive algumas plataformas de ensino de leitura e matemática estão digitais, coordenamos um equilíbrio, assim como tudo na vida deve ser equilibrado. Todo extremo é complicado.
Estas são as respostas das perguntas que formulamos. Do início dessa conversa, Pablo traduz de coração com sinceridade e singularidade em sua trajetória de pai.
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De pai para filha:
- Ela é uma menina muito inteligente e carinhosa, então os relacionamentos dela são leves.
- A gente tem mais que dança. Tem sincronia e sintonia e isso é mais forte que o momento em si.
- A Verônica é muito fofa e divertida. A gente dá muita risada fazendo os vídeos.
- Aos nove anos, Verônica já transita muito bem nas mais diversas situações.