Quem já teve a alegria em conviver com Cristina Bellini Albé pode garantir, assim como a coluna, que ela é a mais pura tradução do que entendemos por empatia, vivacidade e energia contagiante. Aliada a estas raras qualidades no ser humano, Cristina - ou simplesmente Cris, como é conhecida por seus amigos - expõe em corpo e alma seu amor pela arte. Esta natureza criativa se iniciou com a dança, quando ela tinha apenas dois anos de idade e hoje traz à tona elementos figurativos para sua narrativa pessoal e que encanta o espectador.
— A dança sempre foi minha forma mais divertida de expressão, mas um problema com meus pés e, aos 17 anos, precisei buscar outras possibilidades de arte. Então fui para o campo visual e encontrei na escultura em cerâmica uma forma de comunicação por meio do corpo. A modelagem nasce do gesto, da força, do impulso, sendo que as ideias vão se dando no fazer. É algo que me conecta a mim mesma de uma forma muito primitiva — conta a artista.
É neste desdobramento que ela se expressa com ênfase, carregada de bons relacionamentos e equilíbrio entre corpo e mente, que Cris credita seu prazer em, além de tudo, ser, graças ao contato com seus afetos, família e terra. Sobre seu núcleo amoroso, ela reflete:
— Hoje percebo que minhas filhas Maria Eduarda e Clara tiveram um crescimento parecido com o meu. Como minha casa e ateliê se misturam, a arte sempre foi de fácil acesso para elas — relata a artista visual enquanto prepara o fashion film que ela produz e que mescla moda e benemerência em um projeto pensado por sua mãe, Regina Bellini, e que ocorre há quase duas décadas. Ainda tem o orgulho em salientar que compartilhou com êxito a educação das meninas com o marido, Carlos Eduardo Albé, uma união que dá ainda mais significado ao viver em consonância.
Foi há, mais ou menos, oito anos que Cristina passou a colaborar de forma efetiva na boutique que leva o nome de sua mãe. Por lá, ela consegue estabelecer conexões que vão além da moda e observar as transformações culturais e sociais.
— Ao longo destes anos tem sido um prazer o envolvimento com uma moda singular, capaz de comunicar-se com a arte, e a passarela nos evidencia comportamentos e atitudes de uma determinada época — diz Cristina, que dirige o desfile que serve para arrecadar alimentos para entidades assistenciais e que irá ao ar pela BitCom TV no dia 5 de outubro.
Além disso, é fato notório que filantropia e benemerência nunca sairão de moda. O maior fundamento e conquista ao longo desse tempo apoiando causas sociais é confirmado pela postura de sua família no aprendizado que herdou dos pais, Carlos Alberto e Regina Bellini.
— Vivemos em uma desigualdade social desumana, auxiliar esses movimentos circulares de apoio ao próximo é o mínimo a se fazer. Fico encantada em como essas atitudes estão diretamente ligadas ao instinto natural da mulher, de nutrição e de cuidado — afirma Cristina ao celebrar seu engajamento e conclama a comunidade para que participe do projeto doando alimentos.
Assim, intrínseca a uma alma repleta de esperança, que Cristina finaliza:
— Venho de uma família de mulheres fortes que me inspiraram por suas trajetórias. A arte mais importante é o que podemos realizar com essa manifestação. A troca constante seja no fazer artístico ou na doação de seu tempo em prol de quem mais precisa é o encanto da vida — revela Cris ao lembrar de sua ancestralidade e se emocionar.
Três perguntas para Cristina Bellini Albé:
O que te inspira?
A natureza, desde sempre. Sou adepta da contemplação, da observação. Mas a natureza do comportamento humano também me intriga, a loucura, os limites entre o sano e o insano.
Sempre esteve inserida na arte, da dança às artes plásticas, essas imersões são parte essencial para sua criatividade?
Totalmente. Não sei viver sem a arte que está presente em tudo no meu dia a dia. É a música, a dança, a escultura, a moda, a fotografia. Parece que meu tempo vai passando e vou agregando mais ferramentas de expressão ao meu ser. Sem falar que a arte me equilibra, é catártica, portanto curativa.
Com que mensagem encara o mundo?
Vejo o mundo com os meus olhos, sou otimista nata. Incurável mesmo, como se fosse uma teimosia em acreditar que no fim tudo acontece como tem que ser.