
Em entrevista para a coluna, no segundo semestre de 2020, a criativa designer Lígia Maria Sperb Gazzola apresentou o projeto “#EstampasEmMovimento", disponível no perfil @ligiagazzolastore, hashtag que organiza sua produção de lenços repletos de identidade, cores e formas em estampas que remetem à fluidez e à liberdade. Ela gosta de criar pequenas coleções assinadas, com tiragem limitada, e chegou à seda como suporte ideal para os seus prints. Esse mote acaba de se transformar em novo objeto de desejo e ganhar uma retomada inventiva de um clássico no guarda-roupa da ala masculina e feminina do mundo inteiro. Sobre a tendência, a caxiense Lígia discorre:
“Meu processo criativo inicia com um olhar preciso ao entorno, ora na natureza, ora no cotidiano e no mundo que nos cerca. Toda essa inspiração é traduzida em desenhos e logo transformada em estampas que adquirem intensidade nas cores e suas combinações, reinventando o simples para torná-lo atemporal e dando um toque de alegria” - revela Lígia.
É nessa proposta que apresentamos o lenço como um acessório essencial, um clássico revisitado para ficar, e não apenas uma tendência passageira para o inverno ou a primavera. Prova disso, são as personas da sociedade caxiense como Véra Stedile Zattera, Bernardete Venzon e Flora Julia Magnabosco, que transformam o detalhe do vestir em sofisticação e estilo individuais.

Há quem se utilize da versatilidade dessa peça para não emaranhar os cabelos ao vento, arrematando penteados como os retratados no cinema dos anos dourados, na década de 1950. Hoje, por exemplo, a cantora norte-americana Olivia Rodrigo, de 18 anos, uma das sensações da música pop, confere particular destaque para o item em suas intervenções audiovisuais, promovendo o ressurgimento das bandanas. Ainda na música, o cantor e compositor Axl Rose, vocalista da banda Guns N’ Roses, utilizava na cabeça como marca pessoal e levava uma legião de admiradores em busca desse detalhe de estilo. Característica que respalda sua presença, assim como o lenço de pescoço e de bolso, que Deiveson Furtado e Romel Figueiredo, da Arm&Für, propõe para realçar os trajes da ala masculina que frequenta o ateliê.
“A ideia é tornar o look notável por ser fácil de usar, ele imprime personalidade ao contexto da roupa mesmo que se esteja vestindo apenas o blazer sem o terno completo” – fala Romel Figueiredo.
Já Lígia, em sua pesquisa, também nos conta que a primeira versão do lenço na moda surgiu em 1920 com o estilista francês Paul Poiret. Inspirado na cultura oriental, ele o transformou em um acessório fashion, para ser vestido, inicialmente, na cabeça das mulheres. Porém, sua origem remonta a tempos mais antigos. A rainha Nefertiti, do Egito, teria sido a primeira mulher na história a usá-lo ainda em 1350 a.C. Há registros do item em sua configuração mais funcional nas vestimentas características dos cowboys do velho oeste, estilo de vida muito bem representado nas campanhas e editoriais de moda masculina do estilista Ralph Lauren.
No uniforme das aeromoças, o acessório – tipicamente de seda, devido ao toque suave – compõe um traje imaculado, imprimindo graciosidade e credibilidade ao trabalho da profissional, refletindo-se em objeto de inspiração à cena de recentes campanhas de grifes como Paco Rabanne, Dior, Versace e Callas Milano.
É nesse mix de estampas que entra o que chamamos de “Moda Dopamina”, em referência direta ao hormônio que estimula as sensações de prazer e felicidade. Construídas com tecidos coloridos e muita criatividade, evidenciam a alegria e a autoestima, como observada há muito tempo nas criações da grife homônima do caxiense Teodoro Salazar que se utiliza das cartelas de cores para lançar novas coleções. É sobre sentir-se bem. Nesta mesma pegada, a designer Priscila Dietzel, da HiLo Happywear, também revela suas autorias e seus sentimentos por meio das cores.
O lenço em modelagem triangular, no meio da testa e amarrada atrás da cabeça, é uma dica inspirada na elegância eterna das atrizes Audrey Hepburn e Grace Kelly, que protagonizaram glamourosas criações da tradicional etiqueta Hermès. A Rainha Elizabeth II é outra personalidade que se vale dos lenços nas mais diversas ocasiões, sendo uma das principais responsáveis por popularizá-lo no continente europeu, assim como apresentado pela atriz Olivia Colman, que interpreta a Rainha, na minissérie documental The Crown, dirigida por Stephen Daldry.
Atualmente, esses itens estão associados às inúmeras possibilidades de sua utilização em looks modernos. É o “fazer mais com menos”. Eles ajudam a alongar a silhueta, quando dispostos na vertical, e a ressaltar os ombros, tirando a atenção dos quadris, quando enroladinhos ao pescoço. Há, ainda, mulheres que os transformam em blusas de frente única.
Nas redes sociais, a multifunção dos acessórios é constantemente retratada em vídeos curtos, tutoriais que ensinam, de um jeito fácil e descontraído, como estilizá-los na forma de colares, cintos, braceletes e até como peças-chave de um guarda-roupa sofisticado, mimetizando saias e vestidos.
“Icônicos, versáteis e sem gênero, aparecem nessa estação complementando looks. Use e abuse da sua criatividade seja no cabelo, na bolsa, como cinto ou o clássico no pescoço.” - informa o produtor de moda Diogo Oliboni, responsável pela direção desta produção.
O lenço é um clássico atemporal, e as referências mais antigas de como usá-lo persistem com o passar dos anos, somando-se às novas roupagens multifuncionais concebidas pelas gerações mais recentes. Amarre-se nessa proposta de estilo e ganhe ainda mais liberdade.
FICHA TÉCNICA:
- Modelos: Tarina Figueiredo Santos e Maria Fontanivie (CastOne Models) e Felipe Antônio.
- Maquiagem: Gabriela Gatelli.
- Cabelo: Jhoni Reis.
- Produção e Estilo: Diogo Oliboni (SoHo Store).
- Fotografia: Carolina Brugnera.
- Locação: Palacete Eberle (Buffet Aristocrata).
- Looks: Anselmi by Consuelo Blocker, Marasquino, HiLo Happywear, Teodoro Salazar, Arm & Für, Carla Gazzola e Lígia Gazzola.
- Pesquisa: Lígia Sperb Gazzola, João Pulita e Felipe Soares.