Um Tom maior
O jovem José Higor Corso Vieira, conhecido pela alcunha de Tom desde os tempos de escola contou para a coluna que foi lá onde surgiu seu interesse em ser “o cara dos vídeos”, hoje denominado de filmmaker. Essa vivência abriu portas para o nosso entrevistado filho de Antônio Edgar Vieira e Marinez Corso Vieira trabalhar em televisão, em hostels pelo mundo e selar sociedade profissional com amigos que considera gigantes na área. Acadêmico de Publicidade e Propaganda, Tom já frequentou congressos e realizou cursos que mostraram referências para novos jeitos de trabalhar.
O que mais lembra da infância e que sonhos tinha para o futuro? De sempre ter regras, restrições e expectativas bem claras e firmes, o que fez de mim uma criança introvertida, pois era dentro do meu mundo que podia muito. Conforme cresci vi que existiam diversos outros mundos com regras diferentes e com muitas possibilidades, o que me permitiu sonhar com o dia no qual poderia trazer o mundo que havia em mim para fora.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse um filme? Sem dúvidas o período em que fui sócio do Fotologia com os irmãos Eduardo e Gustavo Vanassi e o Augusto Gobatto. O Fotologia, uma startup de educação online para fotógrafos, que teve um impacto gigante no mercado ensinando esses profissionais a viver bem com o que amam fazer. Tivemos milhares de alunos em diversos países e conseguimos reconhecimento nacional de vários players do mercado. O título seria algo como “O Tom deu uma ‘saidinha’, mas já volta”.
Qual é a sua história com o audiovisual, como começou e por que decidiu seguir por esse caminho? No último ano do ensino médio, quis registrar as brincadeiras que a nossa turma fazia. Com a internet, naquela época, já tinha aprendido a tocar violão, modelagem 3d e até as matérias da escola, então usei para aprender sobre vídeo para guardar essas memórias. Durante o ano percebi o impacto que o meu trabalho causava nas pessoas e decidi que queria aquilo para a vida. Tive que decepcionar minha mãe ao largar os planos de seguir na área da engenharia e fazer vestibular para Publicidade e Propaganda, já que as previsões diziam que o consumo de vídeo iria aumentar. Creio que hoje já superou né, mãe?
Quais os seus trabalhos ou projetos preferidos? Qual o motivo? O período no Fotologia foi um ponto de inflexão na minha vida. Entre vários conteúdos, produzimos uma websérie visitando alunos destaque. Usamos estruturas narrativas do mundo do cinema como a jornada do herói. Conseguimos recordes de vendas depois dessa produção, aliando esse conteúdo com outras ações. Até hoje pessoas emocionadas comentam nos vídeos. Continuo estudando jeitos e parceiros diferentes para replicar esses resultados. Por falar em websérie, a primeira a gente nunca esquece. Eu e meus amigos do projeto Cacha conseguimos patrocínio para cinco episódios. A gente queria viajar pela região com uma Brasília e fazer as pessoas viverem não só pelo final de semana, mas por experiências únicas. Estava focado em fazer imagens o tempo todo. Mas o mais recente foi o material que produzi para o lançamento da coleção Carpe Diem, da Saccaro Móveis. Pude me conectar com outros valores e que compactuo com a marca, reacendendo paixões, iniciando essa nova etapa da minha vida.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Não reclamaria de voltar à vida sendo um documentarista como David Gelb, diretor e criador da série Chef ‘s Table.
Um filme para assistir inúmeras vezes: A Vida Secreta de Walter Mitty. Bom assistir periodicamente para conferir se você está caminhando para o que quer e não está apenas em uma caixa que a vida te colocou.
Quem são suas referências e inspirações? Uma das maiores creio que seja meu ex-sócio, Gustavo Vanassi. O cara é um gênio tanto em conectar conhecimentos e fazer estratégias como em lidar com pessoas. Quando ele chegava para trabalhar falava do que tinha estudado, do insight que teve ou de um novo jeito que podíamos usar para fazer as coisas na empresa. Então ficávamos trocando ideias e o trabalho só começava mais de uma hora depois algumas vezes. Também me inspiro na jornada que minha irmã mais velha, Melani Corso, conquistou na vida.
Como caminha a humanidade? Apesar de parecer que não, muitas vezes creio que a humanidade caminha a passos lentos para ser melhor. Mas é preciso acelerá-los, pois o planeta não tem muito tempo antes de entrar em colapso e esse é o maior desafio da nossa geração.
Uma qualidade: diplomacia, quase tudo tem um jeito pacífico de ser resolvido que seja bom para ambos os lados, basta existir diálogo.
Um defeito: impaciência, o mal da geração conectada e que se acostumou com tudo para ontem.
A melhor invenção da humanidade? Internet, possibilitou que muitas pessoas, inclusive eu, vivessemos do que amamos fazer.
Um hábito que não abre mão? Consumir conteúdos aleatórios, sempre rolam papos engraçados ali na frente.
Quais são os seus planos para o futuro? Amo produzir conteúdos digitais que tragam resultados para as marcas e faz um tempo que branded content e marketing de conteúdo mandam nesse jogo. Foi assim que fizemos milhões em vendas no Fotologia pela internet. Quero usar essas mesmas ferramentas com produtores de conteúdo e marcas pelo mundo, dando meu toque.
As pessoas fazem alguma ideia muito diferente do que a profissão realmente é? Penso que é um negócio com uma barreira de entrada relativamente baixa comparada a outros, fazendo muitas pessoas quererem seguir esse caminho. Mas logo nos primeiros passos essas pessoas veem que a câmera é apenas um dos investimentos e nem é o maior deles. O que eles não sabem é que dificilmente mais uma lente no seu kit vai te trazer mais resultados que um curso ou congresso com os melhores do mercado, ou ainda investimento pesado em marketing, atendimento e vendas. Realmente no início você aprende muito, de graça e na internet, e tem resultados muito antes do que um estudante de odontologia ou engenharia tem na sua área, por exemplo, já que não pode exercer a profissão antes de concluir a faculdade. Mas o que faz o profissional é investimento sério e com afinco, financeiro e de tempo, como outros profissionais de destaque das outras áreas tem.
O que fazer para se manter criativo em tempos de isolamento social? Usar a internet para explorar outros conteúdos, jogos casuais com amigos e novos formatos de socialização. Uma caminhada pelas estradas de terra aqui perto de casa, onde só passa o vento no meio das árvores, sempre vai bem.
O que tem feito para impactar o mundo e as pessoas de maneira positiva? O mundo dos infoprodutos é fantástico, ensinar as pessoas gratuitamente pela internet é a sua forma de marketing mais potente. Ainda não me separei totalmente desse mercado e esse é um dos maiores motivos.
Qual a primeira coisa que fará quando a pandemia passar? Tirar a máscara! Gente, que saudade de andar por aí no meio das pessoas podendo respirar sem esforço, poder comer e beber na rua, jantar com os amigos, aglomerar... Lembra?