O voo multicolorido e a pausa
A artista plástica, paisagista e designer de interiores, Olir Magalhães Correia Lima de Menz, nascida no Maranhão, trocou sua terra natal pela geografia inspiradora de Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha. Dona de grande sensibilidade, ela se expressa por meio do fazer artístico. Essa libriana que apresentamos hoje, é esposa de Carlos Alberto Menz, mãe e avó. Formada em Letras e Artes pela Universidade Federal do Maranhão, e em Paisagismo pela Escola Bom Pastor de Nova Petrópolis, Pós Graduação em Docência no Ensino Superior na área da educação. Radicada na Região das Hortênsias vivendo em um ambiente repleto de harmonia, Olir produz obras que refletem seu ambiente, cores e alma. Quem desejar conhecer seu trabalho, ainda há tempo de apreciar a mostra “Asas Brasileiras: Cenários da Cor”, em exibição na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, na Casa da Cultura até o dia 15 de janeiro.
Qual sua lembrança mais remota da infância e que sabor te remete a essa época? A casa dos meus pais, uma morada inteira, tombada pelo patrimônio histórico. Uma residência com arquitetura lusobrasileira, cuja fachada tem uma porta central e quatro janelas, sendo duas de cada lado da porta e seu belo e convidativo jardim interno. O sabor que me remete é das férias deliciosas na casa de praia e dos sorvetes e sucos de frutas da região norte do país. Sinto muita saudade.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Na minha própria. Nunca tive ídolos, gosto de mim do jeito que sou e me esforço cada vez mais para me tornar um ser humano melhor.
Uma qualidade: alegria de viver. Amo a vida!
Um defeito: são muitos.
Uma palavra-chave: gratidão.
A melhor invenção da humanidade? A escrita, por meio dela, conseguimos expressar nossos sentimentos, ideias e planos.
Gostaria de ter sabido antes... que a vida, tão linda, é muito breve.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Minha mudança para o Rio Grande do Sul. O título seria: “Minhas Aventuras Arteiras na Terra do Chimarrão”.
O que é arte? Alimento para minha alma e para meu corpo físico. Paz, beleza, alegria, vida, cultura, prazer, sentimento e emoção. Tudo isso.
Qual a importância da arte em seus dias? Toda. Nasci em uma casa que se respirava arte. Minha mãe além de pianista, era escritora, amava cinema e arte de uma forma geral. Desde criança nos incentivou o amor pela leitura e pela boa música. Meu pai, médico e antropólogo, catedrático da Universidade Federal do Maranhão, pesquisador e escritor, também fez o mesmo. Ambos eram amantes da arte e foram perfeitos na nossa educação. Fui privilegiada por ter pais tão especiais e atemporais.
Busca estabelecer relações no seu trabalho com outras áreas? Sem dúvida. Pratico a arte polivalente. Penso que meu trabalho, fora do ateliê gira em torno deste exercício. A estética é muito importante. O belo muitas vezes é o simples. A harmonia das cores, a natureza em si e tudo que nela existe é arte, observo e me inspiro e diariamente.
Qual momento lhe trouxe a maior felicidade? Tantos! Difícil dizer, sou uma pessoa feliz e encantada com a vida. Tive o privilégio de viver com pessoas e em lugares que me trouxeram muita felicidade.
Qual pessoa viva mais admira? Carlos Alberto Menz, meu marido.
Quem convidaria para seu jantar dos sonhos? Os meus queridos amigos do coração. Me considero privilegiada por tê-los.
O que te inspira? A natureza, suas cores e tons. A vida, a fé e o meu dia a dia. Também a música e a poesia. Olhar através das janelas e contemplar, as pessoas e o movimento do tempo.
Como aproveita o seu tempo livre? Pintando, criando, ouvindo boas músicas, andando pelo jardim, tomando banhos de mar. Ah, os banhos nos mares do meu Maranhão! Ficar à toa, simplesmente.
Um hábito que não abre mão? Colher as flores que cultivo no jardim para enfeitar a casa, a mesa. Ler e me encantar com a natureza. Trabalhar ouvindo boa música. Dar sempre o melhor de mim em tudo o que realizo.
Como funciona o seu processo criativo? Preciso de tranquilidade e silêncio. Então, começo a traçar um quadro, muitas vezes com uma vaga ideia do que quero ou até desejando um determinado resultado, e deixo que a obra vá falando por si própria. Levo este jeito de criar, também, para projetos de paisagismo ou interiores, levando em conta, claro, o desejo de cada cliente.
Como lidar com bloqueios e se manter criativo na atual situação mundial? Para mim basta olhar ao redor deste lugar que tenho o privilegio de viver e respirar profundamente e assim, me reconecto em mim mesma.
Que livro mudou a sua vida? Foram muitos. Nasci em uma casa que era quase uma biblioteca. Amo livros e ler. Muitos foram marcantes na minha vida, fases, momentos e idade. Alguns reli depois de um tempo, outros não saem da minha mesa de cabeceira. A leitura é um hábito delicioso que procurei incutir nos meus filhos e netos.
Em que cenário ou época viveria? Onde vivo hoje, aqui em Nova Petrópolis, vendo as montanhas do Rio Grande do Sul ou da minha São Luís, no Maranhão, mais pertos dos filhos e netos e de quebra, vendo o meu mar.
Qual imagem lhe representa? Minha casa e tudo que esta inserido nela: a arquitetura, as cores, o jardim, a paisagem e a minha expressão na arte.
Uma obra de arte que gostaria de ganhar ou comprar: amo arte, fico feliz com toda arte, desde a mais simples popular, como também com a de alguns pintores famosos ou não.
Qual foi a última vez que chorou, e porquê? Não lembro, mas posso chorar por um vídeo ou filme, por pura e simples emoção ou de saudades.
Um pensador e um pensamento: “Se ao lado da biblioteca houver um jardim, nada faltará”, Cícero. Esta frase é uma realidade no meu lar.