O fio condutor da vida
Maísa Martins Zanela, 24 anos, filha de Ivo Zanela (in memoriam) e Zelinda Waldrigues Martins. Tornou-se mãe aos 22, de uma menina, Aurora Manuela, que conforme nossa entrevistada, lhe ensina diariamente que a maternidade é a maior metamorfose feminina. Outras de suas grandes paixões são o desenho, a arte e a música. Aprendeu muito nestes cinco anos de vida acadêmica, no curso de Moda, no Campus 8 da UCS, tanto que conquistou o 42º Prêmio UCS/Sultextil, realizado no último mês de dezembro de 2020. Atualmente comanda sua própria marca, a RE:GIRO, na qual pretende estabelecer um conceito de moda inclusiva uma vez que ela propõe evidenciar a diversidade e a sustentabilidade. Conheça mais da jovem e premiada designer!
Qual sua lembrança mais remota da infância e que sabor te remete essa época? Quando brincava na rua, com minha irmã e amigos, ali nossa imaginação corria solta, podíamos ser o que quiséssemos, desde alienígenas, bruxos, astronautas e outros super-heróis. O sabor a que me remete é de alegria e muita saudade.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? A maternidade. O título seria “De Repente Mãe”.
Gostaria de ter sabido antes... como é ser mãe.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Na minha própria, amo minha vida, minha família e meus amigos, não mudaria nada, pois todas as dificuldades que passei me tornaram uma mulher forte.
Qual é a sua história com a moda, como começou e por que decidiu seguir? Desde que me lembro, sempre amei criar, desenhar, me encantava ver a forma que meu irmão Aldo Júnior se vestia, repleto de estilo. Descobri uma paixão pela moda, pois ela permite criar sonhos, trazer liberdade de sermos o que quisermos, nos dá força e voz, ela nos possibilita ter o poder de transformação. A roupa conta histórias, nos relembra momentos marcantes. Poder criar e fazer parte da história das pessoas é realmente algo incrível.
Como funciona o seu processo criativo, desde a pesquisa até a concepção dos modelos? Não sigo um padrão, inclusive para o trabalho de conclusão de curso, antes de criar, pesquisei muito sobre aviamentos, modelagem, procurei entender todo o cenário e as necessidades do momento que estamos vivendo. A moda cada dia mais, nos mostra que devemos entender que precisamos pensar em um consumo consciente.
Como lidar com bloqueios e se manter criativo na atual situação mundial? Expandir nosso olhar, sair da zona de conforto, nos permitir errar. O desenho me ajuda muito, poder rabiscar, pensar fora da caixa, observar o que está acontecendo. Sermos curiosos e inquietos.
Quais os seus trabalhos ou projetos preferidos? Qual o motivo? Estou apaixonada e muito orgulhosa com meu trabalho de conclusão de curso, que me permitiu ser o que sou, demostrar minha arte, minha essência e criatividade sem limitações.
De que maneira acha que o cenário atual está afetando o mercado da moda, e como isso vai impactar no futuro? Afeta em diversas formas economicamente, as pessoas pararam de consumir, isso afeta diretamente o mercado, pois vivemos em uma cadeia. Sem consumo, reduz produção, sem produção diminui o número de empregos, sem emprego as pessoas não compram.
Como enxerga a cena de moda contemporânea no Brasil? Vem ganhando um espaço fantástico, com grandes estilistas que trazem conceitos novos, com peculiaridades, voltando seu olhar para o artesanato e a sustentabilidade.
Com a situação atual do mundo, acredita que o profissional de moda estará mais preparado para desenvolver trabalhos voltados à coletividade? Acredito muito nisso e que se faz necessário. Não realizamos nada sozinhos e como diz o ditado “duas cabeças pensam melhor que uma”.
O quanto importante foi a experiência da graduação e o que pode compartilhar a respeito desta trajetória? Foi muito importante, sempre sonhei com este momento, uma das grandes realizações da minha vida. Aprendi muito ao longo destes cinco anos, principalmente que não fazemos nada sozinhos, que é importante essa troca de informações e conhecimento, para a evolução pessoal e profissional. Que não temos que pensar como um mundo de competições e que o desenvolvimento de projetos coletivos traz um resultado bem mais satisfatório.
Quais conselhos daria para quem quer ingressar nessa profissão? Ser inquieto, ser curioso, questionador, atento sempre ao novo, expandir os olhares e mesmo com dificuldades, nunca desistir.
O que considera que são mitos da profissão? Viver em uma determinada convenção, limitar-se ao pode ou não pode, ter que aceitar o que a sociedade impõe sobre estética e padrões de beleza. Ainda bem que estamos evoluindo, mudando e quebrando conceitos. Afinal um corpo lindo é quando tem alguém feliz dentro dele.
Quais são as suas referências na área? Os estilistas Dolce&Gabbana, Alexander McQueen, John Galliano e Ronaldo Fraga.
O que é ter estilo? É uma transformação, é poder demonstrar nossa essência aos outros por meio da vestimenta, como uma forma de expressão.
Busca estabelecer relações no seu trabalho com outras áreas? Com toda certeza, a moda não caminha sozinha, é interligada. A moda está presente em tudo, na arte, na arquitetura, na gastronomia.
Qual a importância da sustentabilidade nesse meio? A sustentabilidade é fundamental, no meio da moda, o planeta pede socorro, precisamos mudar este cenário urgentemente.
O que significa fazer moda e como isso reflete na sua vida pessoal? Fazer moda é poder levar sonhos às pessoas, é estar presente através das roupas que elas vestem e fazer parte dos momentos mais importantes de suas vidas. A moda é tudo em minha vida, é arte, é expressão.
A era digital vem beneficiando a moda de diversas formas, tornando-a cada vez mais acessível. Quais os pontos positivos e negativos de fazer moda neste tempo? Os pontos positivos são agilidade, rapidez e praticidade. Os negativos são a falta de interação e conectividade humana, a necessidade de toque e das sensações proporcionadas pelas trocas de afeto e carinho.
Quais músicas não saem da sua playlist? Não consigo me prender a um único estilo musical, a música tem um significado forte em minha vida, sempre amei cantar. Atualmente escuto muito as músicas da cantora Aline Wirley e Indômita, mas gosto muito das divas da Música como Madonna, Beyoncé, Lady Gaga, Shakira e Zaz.
Uma qualidade: determinada.
Um defeito: teimosa.
Uma palavra-chave: gratidão.
A melhor invenção da humanidade? A luz elétrica.
Reflexão de cabeceira? “Somos o que mentalizamos” “Quem corre atrás de seus sonhos, os alcança”.
Um hábito que não abre mão? Agradecer, a Deus e ao universo por estar viva.
Quais são os seus planos para o futuro? Pretendo estabilizar e desenvolver minha marca, atingir um público grande, trabalhar com a diversidade e os diferentes biotipos de corpos, trabalhar com uma moda inclusiva, entender melhor sobre a sustentabilidade e aplicá-la em todos os projetos.