A arte como estado de espírito e luz
Maria Inês Prebianca Salvador iniciou uma carreira de marchand espontaneamente, nos anos 1980, por estar inserida em um ambiente que já sinalizava um contato com as artes plásticas. Hoje, aos 55 anos, a filha de Augostino Prebianca e Lurdes Rasador Prebianca é uma das mais respeitadas profissionais do segmento no Rio Grande do Sul na condução da Galeria Arte&Quadros. A esposa do empresário e artista plástico Dejair Salvador e mãe da jovem Luana Salvador, faz história. Nascida sob a égide do signo de Escorpião, no município de São Marcos, Maria Inês transformou sua convivência com os artistas em um caminho profissional de sucesso.
Que conexão lúdica faz com a sua infância? Com simplicidade. Morávamos em um lugar que não havia luz elétrica, mas éramos felizes. Nossos passatempos eram brincar de esconde-esconde no escuro e os vagalumes faziam as vezes de lanterna.
Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época da escola? Hoje, como profissional ligada ao comércio das artes plásticas, penso em Salvador Dali. Sua subjetividade na arte, a loucura de suas atitudes teria quem sabe me provido de maiores possibilidades para minha convivência com o métier.
Traço marcante de sua personalidade? Prezo a sinceridade e honestidade.
A melhor invenção da humanidade? Como passei parte da infância sem acesso à energia elétrica, acredito nela como a grande invenção. A aviação é outro feito que merece reconhecimento por nos conectar aos quatro cantos do mundo.
Com que mensagem encara o mundo? Com convicção e foco. Acredito no pensamento positivo como um movimento interno que nos impulsiona com leveza no atual momento. Me fez repensar tudo.
Gostaria de ter sabido antes... que o tempo é a maior preciosidade e a natureza é um presente divino que alimenta o nosso ser, nossa vida e nossos pensamentos. Valorizo cada instante dos dias.
Frase máxima? Nunca acredite que algo não é possível.
O que mais respeita no ser humano? A sinceridade, o comprometimento e a forma de se organizar.
Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa? A palavra é vida. Ela possui um significado tão amplo sobre a existência, desde o nascimento até a morte.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse uma obra? Meu capítulo mais importante foi a construção da minha trajetória, com muito trabalho, dedicação e determinação. Se fosse publicada, o título seria “A Transformação”.
Reflexão de cabeceira? Sentar, orar e agradecer com gratidão a vida, ao tempo.
Se tivesse vindo ao mundo com uma legenda ou bula, o que conteria nela? Sou uma pessoa sincera, organizada, determinada que gosta de ter foco e saber quais caminhos seguir.
Um hábito que não abre mão? Dedico tempo para caminhadas e a ideia de poder tomar sol também me enche de energia.
Como surgiu sua afinidade com o mundo das artes? Iniciou quando adquiri uma molduraria no ano de1982. Neste ambiente, iniciei meu contato com o universo das artes plásticas. Ali, em contato com muitos artistas, fui descobrindo muitas histórias, admiração pelos temas e com muita superação, conquistei um aprendizado espontâneo. Não tive nenhuma inspiração familiar para seguir neste propósito e também não realizei nenhuma formação acadêmica para chegar onde estou. Aprendi, literalmente, com a escola da vida, com todos os artistas que passaram pela galeria, tanto os que não estão mais conosco, mas, principalmente com os que ainda fazem parte da minha história.
O que considera essencial para quem pretende estudar e se especializar em arte? Determinação, gosto e sensibilidade pelo belo. Visitar museus, ateliês de artistas, ouvir com atenção suas experiências e entender a técnica de cada um é um passo importante. Frequentar exposições e galerias de arte sempre que possível é outro aspecto essencial na construção de um apuro estético e emocional.
Quais seus projetos para o futuro? Está trabalhando em algo? Neste momento, penso em aproveitar a natureza, viajar e sempre estar presente no meio das artes, divulgando meu trabalho de assessoria que consiste em renovar o acervo de arte de colecionadores. Nesta atividade colaboro com a troca de molduras das obras e o reposicionamento das peças nos ambientes, acrescentando novas possibilidades artísticas se necessário. Restaurar peças de valores sentimentais para o cliente é outro prazer que meu trabalho proporciona, assim como apresentar nosso acervo físico para definir a obra certa para o lugar certo.
O que tem feito para impactar o mundo e as pessoas de maneira positiva? Compartilhar experiências e sempre acreditar que o amanhã será um dia melhor.
Como interpreta a função da arte na sua vida? É um universo maravilhoso, convivo diariamente com belezas expressas em diferentes formas. Isto é fascinante, é um alimento para alma e para a cabeça. Penso que não saberia exercer outro ofício. Uma galeria de arte proporciona a vivenciar esse contato direto com as mais diversas sensações diariamente.
Como enxerga a cena de arte contemporânea no Brasil? Ainda falta muito incentivo, já que possuímos artistas de grande expressão. O Rio Grande do Sul, por exemplo, é um celeiro de talentos em todos os âmbitos das artes. Sou otimista e acredito que estamos no caminho.
De que maneira considera que o cenário atual está afetando o mercado da arte? É certo que este momento tem afetado a todos, porém por mais incrível que pareça, durante o período da pandemia e a necessidade do recesso social, muita gente permaneceu dentro de suas casas e resolveu voltar o olhar e a atenção para o seu lar. E para o que antes não tinham havia tempo como a decoração e a apreciação da arte, agora se tornou parte do dia a dia, o que foi bom para o artista e o mercado.
Uma mensagem aos leitores: acredite em você, tenha fé em Deus, tenha gratidão a tudo e a todos. Trabalhe com satisfação pois o que é de seu merecimento com certeza virá!