Ouço frequentemente esta frase. E com certo tom de severidade. Durante anos expressei uma resistência gritante ao uso de redes sociais. Tinha esse sentimento em relação a elas e me mantive fiel. Cheguei a dizer aos quatro ventos: “Só tenho duas verdades definitivas: sei que vou morrer e nunca terei Facebook”. Pois é, até onde eu saiba é impossível, até o presente momento, ter outra opção em relação à primeira, o que é lamentável. Com a segunda já dei um jeito de me tornar bem flexível e, por razões profissionais, faço parte da turma dos que ajudam o Mark Zuckerberg a ganhar alguns centavos extras. Uso o Instagram como uma ferramenta útil ao trabalho de palestrante e escritor. E, veja só, continuo sendo o de antes: adoro encontrar os amigos, preocupo-me em ser ético, leio muito, vejo filmes quase todos os dias, etc. Moral da história: em alguns aspectos, ter sido não significa persistir pelos séculos dos séculos, amém. Custa entender o desejo das pessoas em conservar suas opiniões cristalizadas (ou fossilizadas) até o último suspiro. Dá para evoluir. Basta seguir o fluxo da existência. É difícil. Demorei literalmente décadas para ser maleável, menos severo. Cultivei orgulho de ser pedra, ao invés de areia. Hoje quero desenhar na alma novas possibilidades. Claro, há algo chamado coerência, tantas vezes traduzida, ressalte-se, como o enrijecimento dos conceitos que nos sustentam.
Você não era assim
Demorei literalmente décadas para ser maleável, menos severo. Cultivei orgulho de ser pedra, ao invés de areia. Hoje quero desenhar na alma novas possibilidades
Gilmar Marcílio
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