“Vou deixar para amanhã. Ou talvez para depois de amanhã. Sem falta, prometo.” Falamos (e agimos) assim quando precisamos fazer algo e temos escassa vontade. O nome disso é resistência. Vamos procrastinando até o limite, como se fosse resolver a situação. Estou aprendendo a manter fidelidade aos meus propósitos. Se for importante, mesmo exigindo uma determinação acima do comum, encaro de frente. Esse comportamento de contrapor-se às mudanças se evidencia bastante em relação aos vícios. Cremos, ingenuamente, estar no comando e conseguir parar no instante em que quisermos. Qual! Se já perdemos o controle, encontrar um meio para escapar de uma dependência é difícil. Mas é possível, ninguém duvide. Darei um exemplo ilustrativo. Eventualmente sinto preguiça de sair cedo para caminhar nos dias frios ou chuvosos. Ao invés de permanecer na cama, levanto e, sem pestanejar, tomo café e vou. Se ficar me enrolando muito, pesando prós e contras, fico imobilizado e me dou uma desculpa, desistindo.
O cérebro é ardiloso e sempre opta por repetir um “modus operandi” já conhecido. É a lei do menor esforço. No entanto, vale lembrar: ele possui uma plasticidade quase infinita. Com persistência, podemos buscar desafios inéditos e transformar qualquer novidade em um hábito. É necessário insistir, predispor-se. Porém, aí se situa o grande problema. As escusas mais categóricas são dadas para nós; aos outros, só posteriormente. Tudo acaba ficando para uma hora futura, apesar de sabermos ser um recurso de autoengano usado com frequência e além do bom senso. Tente seguir com este propósito: pense menos, apenas faça. Você será tomado por uma sensação de poder sobre si, que, afinal, é o único a ser perseguido. Vivemos em uma época de opção pela facilidade. Pratique esta regra: trocar o complexo por algo leve, bom de executar. Acredite: o crescimento requer de nós expulsar o acomodamento.
Já que somos viciados em dopamina, aprendamos a satisfazer os desejos no médio e longo prazo e no quanto a sensação de prazer se tornará duradoura. Estenda sua perspectiva e tudo lhe parecerá viável. Estique a corda, avance lentamente, mas sem parar. Espere pelos resultados, eles aparecem aos poucos, estão longe de ser uma mágica.
Inclua em seu dicionário a palavra perseverança. E diga para você mesmo: a metamorfose interior vai começar hoje. Embora inúmeros livros de autoajuda já tenham discorrido sobre isso, eles só demandam uma alteração de postura mental. E, na verdade, ela é uma consequência, não a causa. A ação a precede, em seguida passa a ser escrita no lado de dentro. E se torna tão real a ponto de nem ser relevante cobrar obstinadamente a sua execução.
Se algumas vezes fracasso em meus intentos, evito sentir-me refém do desânimo. Tenho o firme propósito de manter-me empenhado. Busco ser melhor, me fortalecer. Neste exato momento, sem jogar para um tempo imaginário. Ando abraçado com o presente.