Pressa. Todos temos pressa. A vida é para ontem. Compramos essa ideia e colocamos uma placa de urgência em quase tudo. Mas sempre é tempo de revisar, aceitando ou recusando, os comportamentos impostos pela sociedade. Ainda é possível olhar com calma o que é importante. E dentro desse pacote de emergências está, certamente, a nossa incapacidade em acompanhar o processo de mudanças que desejamos instaurar em nossas vidas. Pensamos em algo e, como num passe de mágica, queremos ver os frutos do nosso empenho, mesmo ele tendo sido só mental. O caminho a percorrer tornou-se o grande entrave. Se não for imediato, nem vale a pena o investimento. Eu sei, somos quase todos ansiosos, movidos pelo excesso de escolhas a serem feitas constantemente. Mas acredito ser possível conter esse ímpeto de ver o resultado, esquecendo que tudo necessita passar por um estágio de maturação. É assim com a natureza e também com a nossa psique. Abordar essa questão pode ser um passo importante para nos conscientizar do valor de parar, observar e decidir. O impulso costuma ser um mau conselheiro.
Passei longos anos acreditando no valor da rapidez, da eficiência. Mas depois de observar os resultados, percebi o equívoco. Até porque, depois de muita análise, me dei conta de que tudo ficava só na boa intenção. Até conseguia bons resultados aqui ou ali, mas eles só se mantinham provisoriamente. Logo voltava ao modelo anterior, repetindo o que me incomodava. Hoje, para mim, o modelo ideal é primeiro refletir bastante, analisando e partilhando com amigos para, só depois, colocar em prática. Isso exige uma paciência danada e, confesso, é o meu ponto fraco. Mas haverei de alcançar esse propósito. Tenho o mérito da diligência e me maravilho ao reconhecer a ruptura de algo incômodo. Isso me faz lembrar como é frustrante quando empenhamos as nossas forças para anular padrões de dependência e perceber, uma semana depois, termos voltamos a fazer novamente o que nos desestabilizava. A lista é grande: começar uma dieta, deixar de fumar, realizar atividades numa academia, diminuir a ingestão de bebidas nas festas. As metas são invariavelmente boas, mas nosso cérebro não se deixa enganar facilmente. Ele é o comandante da nave.
Precisamos é de bastante paciência e perseverança. Podemos falhar uma, duas, várias vezes. Isso está longe de significar desistência. Em algum momento uma chave vira e, quase sem perceber, passamos a agir de maneira totalmente diferente. Considero esses insights emblemáticos, evidenciando a nossa capacidade de ir além do que parece cristalizado dentro de nós. Sou um entusiasta do esforço. Se algo se revela difícil, mais uma razão para me empenhar em conseguir. E quanto mais repetimos, mais estamos aptos a fazer com menor dificuldade. Aprenda a esperar. Conta mesmo é o empenho, o investimento em ajardinar o nosso universo interior. Somos seres programados biologicamente para estocar energia. Não para gastá-la. Entre os dois extremos está a capacidade de transformar a vontade em ação.