Somos uma espécie destruidora, mas também aptos a criar soluções admiráveis para superar os estragos provocados. Talvez seja por ter essa visão inclinada ao otimismo que não consigo imprimir dentro de mim uma perspectiva trágica do futuro. Temos a possibilidade de reverter um possível início do fim. Historicamente, é possível perceber essa capacidade regenerativa em instâncias de crise. Pense na primeira e segunda Guerra Mundial. E nas epidemias e acidentes climáticos. De uma maneira ou de outra fomos capazes de produzir recursos extraordinários, inaugurando ciclos de prosperidade onde parecia só haver a presença da derrota. Acredito com convicção ser isso o que vai acontecer com nosso tempo hipermoderno e novidadeiro. Ajustes – eis a palavra condutora nos auxiliando a lidar com o aparente caos. Claro, certos dados de realidade preocupam, evidenciando uma tendência predatória em alarmante escala exponencial. Por outro lado, vê-se algo hoje não muito diferente de cem ou duzentos anos atrás. Entretanto, há uma diferença: agora passamos a ocupar quase todos os espaços disponíveis e sabemos de imediato as notícias de lá e de cá desse planeta tão castigado pela presença do “homo sapiens”.
Intâncias de crise
Opinião
O espírito do tempo
Onde muitos veem um abismo, podemos vislumbrar oportunidade, tentando fazer uma leitura lúcida dos processos evolutivos
Gilmar Marcílio
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