“A vida não examinada não vale a pena ser vivida”, sentenciou Sócrates. Na verdade, a maioria de nós sequer pensa em suas ações, deixando tudo acontecer no piloto automático. Sem fazer uma avaliação interior ou indagar-se filosoficamente o que experimenta. Recentemente tive um lampejo, por assim dizer, que me mostrou a beleza de estar consciente de nossas ações. Passei um dia em Porto Alegre com amigos. Fizemos um programa incluindo teatro, exposições, jantar. Já na saída de casa fui invadido por uma sensação boa, que nem nomeei por medo de perder o encanto. O sol nascente, a feliz expectativa de conviver com gente querida, o contato com a arte, esse alimento espiritual tão necessário. E a percepção do privilégio de poder gastar um dia inteiro depurando a sensibilidade, conversando sobre amenidades, rindo, aprendendo, inundou-me de alegria. Parece prosaico, trivial, mas ganha outra dimensão. Ao jogar luz nisso, ampliei bastante o sentimento de gratidão: olhar para si mesmo com estudado distanciamento. Explico. Ia fazendo e sentindo tudo isso, mas também me observava, como se fosse um duplo. Era eu e mais um, mas sem dissociação. E ao me olhar de fora fui percebendo a grandeza e a singularidade do instante que se esvai. O resultado: ter sido fiel à máxima preconizada pelo pensador grego.
ÊXTASE
Notícia
Exame de admissão
Evite buscar constantemente o que está colado ao êxtase. Ele é ocasional
Gilmar Marcílio
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