Gilmar Marcílio
Esta é uma expressão recorrente desde que fomos surpreendidos pela pandemia. Estamos envoltos no campo da incerteza. É difícil lidar com o fato de não poder controlar minimamente o que nos aguarda. Esse desejo parece paradoxal, mas faz parte do imaginário humano. A eminência de uma catástrofe nos desestabiliza emocionalmente. Queremos segurança e, se possível, liberdade. Embora muitas situações estejam fora do escopo pessoal, precisamos alimentar a ideia de ter em nós a ingerência de um tempo ainda por vivenciar. A partir desse embate tentamos perscrutar as razões responsáveis por desconsiderar o presente no qual estamos instalados. Há quase dois anos tateamos no escuro. Entre a expectativa da melhora e sucessivas frustrações. A ciência, caminhando de mãos dadas com a razão, vem sofrendo ataques descabidos, numa espécie de retorno ao obscurantismo. E isso nos autoriza a dizer: a estupidez apenas cochila, despertando ao primeiro sinal de acolhimento entre nós.
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