Quando surgiram os sites de relacionamento (e de sexo) passei do espanto à crítica ferrenha. E aí parei. Durante anos minha conversa foi a mesma: impossível dar certo. Porém – o tempo passa, o tempo voa – reavaliei esse conceito que freava o revisionismo. Li diversas matérias, ouvi entrevistas de psicólogos, psiquiatras. E percebi meu olhar de assombro sendo substituído pelo entendimento. Fui auxiliado pela observação atenta de casais que se conheceram dessa forma e estão muito bem, obrigado, desde então. Afinal, ao mostrarmos interesse em alguém na tentativa de iniciar namoro, normalmente é por pessoa desconhecida. Pouco importa se o lampejo inicial se dá na padaria, na festa ou pela internet. O projeto mesmo é trocar o ímpar pelo par, pois o amor é milagre não catalogado. A solidão, se desejada, é um bom itinerário de vida, mas propósito de poucos. Afinal, somos seres gregários: o outro é âncora para a felicidade. Tá bom, nem sempre, mas acabamos comprando a passagem para ver até onde ele nos conduzirá.
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