Eleição é momento privilegiado para debater a cidade. Mas perdemos a oportunidade nesta campanha para a prefeitura de Caxias do Sul. Na reta final, as propostas para a cidade sumiram da propaganda eleitoral. Nos debates, houve muitos enfrentamentos e farpas. Foram improdutivos, portanto. Na sexta-feira (25/10), circulou denúncia contra o candidato Maurício Scalco (nota ‘Rebuliço’, embaixo), mais um entre tantos episódios turbulentos neste segundo turno.
A coluna fez uma garimpagem, por amostragem. Escolheu dois temas, transporte coletivo e mobilidade, e procurou localizar propostas dos candidatos. Encontrou muito poucas, que ficam no âmbito das intenções, sem detalhar como.
Falou-se em construir uma estação de transbordo – já se falava em 2020 –, em semáforos inteligentes, em ciclovias. Mas não em como transformar o funcionamento da cidade para melhor, organizar melhor a mobilidade, em como convencer o caxiense a deixar o carro em casa e andar de ônibus. Aliás, para isso acontecer, falta muita coisa. Não se atacou com propostas para mobilidade, não se debateu conceito de cidade. Por exemplo, há uma visão de cidade que defende mais espaço para pedestres nas ruas, com muitos impactos para a qualidade de vida e a humanização da convivência urbana. Nunca se discutiu isso, obviamente. Não se propôs nada para que passageiros não esperem uma hora pelo ônibus aos fins de semana, como reduzir essa espera nas paradas. Não se discutiu tarifa zero para o transporte coletivo, por exemplo, uma ideia e uma solução que crescem no país. Já são 116 municípios que aplicam tarifa zero, uma política para o transporte público que só traz vantagens para todo mundo, inclusive para as cidades, implicando uma fatia orçamentária pequena para subsidiá-la.
Neste domingo, chegou o dia do voto em segundo turno para decidir os rumos de Caxias do Sul para os próximos quatro anos. Porém, perdemos grande oportunidade de debater a cidade que a gente quer.
Eleição imprevisível
Enquanto isso, o ambiente político, relativo ao voto e às condições de vitória de um e de outro candidato, chega bastante equilibrado à véspera da eleição. Sob o ponto de vista da matemática, os 193 mil eleitores que não foram votar, que votarqam em branco ou nulo ou ainda nos outros dois candidatos que chegaram ao segundo turno permitem conquistar votos que podem ser deicisivo. É um exército de eleitores, correspondente a 55% do eleitorado caxiense, que pode virar qualquer eleição em um esforço final. É eleição imprevisível.
Rebuliço
O candidato Maurício Scalco (PL) não participou de atividades de rua da campanha na sexta-feira (25/10), porque esteve envolvido boa parte do dia em adotar suas providências diante de denúncia que circulou na internet contra ele, sobre suposta dívida trabalhista. O candidato manifestou-se em rede social:
– Parei minha agenda para ir até a Polícia Federal e prestar queixa-crime contra difamadores que estejam fazendo compartilhamento dessa informação falsa – entendeu Scalco.
Foi mais um entre tantos episódios turbulentos no final de campanha.
O debate da cidade que a gente quer ficou relegado a segundo plano.