Até não se elevou ainda mais o tom no debate de encerramento da campanha em rádio e tevê, na RBS TV, nesta sexta-feira à noite, com agravamento dos ataques. Ainda bem, pois o ambiente chegou muito tenso à véspera de eleição. Porém, o encontro teve troca de farpas do início ao fim entre os dois candidatos que disputam neste domingo o segundo turno da eleição à prefeitura de Caxias do Sul, Maurício Scalco (PL) e Adiló Didomenico (PSDB), com praticamente nenhuma proposta para a cidade. Aprofundá-las, então, muito menos.
Como os enfrentamentos partiam de lado a lado, com frases prontas, repetidas durante todo o período de campanha, aos dois candidatos restava a iniciativa de responder às estocadas. E nesse ritmo se desenrolou o debate, uma dança em torno das estocadas recíprocas, sem espaço para visões sobre a cidade. Restava responder a questionamentos previsíveis e repetitivos formulados entre si, ignorando o que o oponente falava. O formato do debate ofereceu a prerrogativa de formular as questões a cada candidato. Perguntar era com eles, e as questões, em geral, eram simplificadas. Falando sobre o formato do debate, ele estabeleceu regras que beneficiavam a fluência das conversações entre os candidatos. O melhor do debate foi o formato, que, aliás, já havia sido aplicado no debate entre candidatos à Presidência, em 2022, com êxito.
Outra característica foi a de um diálogo entre pessoas que preferiam não se ouvir, bem como a insistência em frases e teses pré-concebidas. Perguntas eram desconsideradas. Scalco perguntou sobre quantas casas populares o prefeito entregou. Adiló quis saber o que o adversário faria no loteamento Pinheiro para resolver demandas da comunidade. Não vieram respostas. O formato é ótimo, dando fluência ao debate. Porém a insistência em teses próprias e entendimentos arraigados sobre questões específicas, como a perda ou não de recursos do governo federal para o futuro Aeroporto da Serra Gaúcha, perda que não se consumou, davam a nítida impressão de que não adiantava falar, pois havia uma fidelidade ferrenha às versões e visões de cada um.
A fórmula de tratar o outro, subestimando o adversário, com desconsideração e desdém prévios, também não ajuda. E o eleitor e a eleitora ficam com a sensação de que falta objetividade dos candidatos diante dos problemas da cidade.
Ainda assim, pela postura mais ou menos adequada, pelos enunciados de cada um, pela visão mais ampla ou mais limitada das questões da administração pública, o debate sempre contribui para a escolha do eleitor e da eleitora. A eleição é neste domingo. Reflita bem.