A dissidência que se estabeleceu no Progressistas caxiense, composta por integrantes da executiva, como o vice-presidente Marcelo Vanzin, e representantes dos movimentos partidários da Juventude, Afro e da Mulher, promete não dar vida fácil à intenção do presidente do partido, Alexandre Bortoluz, de consolidar aliança com partidos de direita em torno do nome do vereador Maurício Scalco (PL) para prefeito. Esse movimento do presidente inclui a filiação da vereadora Gladis Frizzo (ainda no MDB) ao Progressistas – que deve ocorrer nesta janela partidária para troca de partido, que abre nesta quinta-feira (7/3) – para ser a candidata a vice da aliança.
A dissidência tenta movimentar lideranças estaduais. O grupo é favorável ao apoio ao prefeito Adiló Didomenico à reeleição. O presidente do PP gaúcho, Covatti Filho, veio a Caxias do Sul em fevereiro para ato em torno do nome de Scalco e encampou a bandeira da aliança, o que se constituiu em trunfo para Bortoluz. Ocorre que o bastão do comando estadual do PP será passado nas próximas semanas de Covatti para o deputado federal Afonso Hamm – que esteve em visita à Festa da Uva semana passada e foi recebido por Adiló. Portanto, as peças do tabuleiro progressista estão se movimentando.
Na visita de Hamm a Caxias, os representantes dos movimento Afro, Luciano Marinho, da Mulher, Neliane Ereno, conhecida como Anita, e da Juventude, Espedito Júnior, conversaram com o deputado (na foto acima), para historiar o imbróglio, que se dá em torno do que Bortoluz chama de “indicativo de intenção de coligação”, tomado em reunião da executiva em 1º de fevereiro, em que houve uma consulta aos integrantes do colegiado, mas sem oportunidade de voto aos representantes dos movimentos. Estes cobram que têm direito ao voto, e justificam que uma resolução do PP Estadual, a 004/2023, em seu artigo 32, “é muito clara”: “O presidente municipal de cada movimento terá direito a voto na comissão executiva do respectivo município”. Já Bortoluz diz que houve legalidade na tirada do “indicativo de intenção de coligação, aprovado por maioria dos membros da executiva, nos termos do estatuto e ratificado pelo presidente estadual (no caso, Covatti Filho)”. Na verdade, o “indicativo de intenção de coligação” é só um “indicativo”: frágil na formalidade, porém com peso político, situação partidária que os dissidentes pretendem rever em conversação com Hamm.
– O Afonso (Hamm) sempre respeitou os movimentos. Ele está analisando tudo. Vai ouvir o lado de cá, e vai ouvir o lado de lá. Não vai tomar nenhuma decisão por impulso. O Celso Bernardi (ex-presidente) também sempre deu apoio aos movimentos – diz Anita, que, aliás, é assessora de Hamm.
A coluna tentou contato com Bortoluz para verificar seu entendimento sobre a resolução reivindicada pela dissidência, mas não teve retorno até o fechamento da edição.