Se a sucessão passa pelo ex-governador José Ivo Sartori (MDB), como diz o ex-vice-prefeito Elói Frizzo (PSB), o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) é personagem também central da eleição municipal deste ano em Caxias do Sul. Alceu guarda simetria com Sartori por ser a principal liderança de um partido importante no cenário eleitoral e por ser convocado pelos presidentes local e estadual do PDT, respectivamente Rafael Bueno e Romildo Bolzan Júnior, como nome prioritário para a chapa majoritária. Na última quinta-feira (11), o MDB, representado pelo próprio Sartori, pelo presidente local, Carlos Búrigo, e pelo vereador Felipe Gremelmaier, recebeu Alceu como representante do PDT para uma conversa sobre a sucessão eleitoral.
Como Sartori, Alceu também ainda não anuncia uma decisão em relação ao pleito, mas lança mão da máxima do ex-prefeito e ex-governador quando questionado se será candidato:
— Eu não sou candidato a nada. Mas se não posso dizer que sim, também não preciso dizer que não. Nunca tinha sido recebido no diretório do MDB. É um bom indicativo. Já conversamos com a deputada (federal) Denise (Pessôa, nome do PT para a eleição).
Diante de um cenário que já tem colocados também os nomes do vereador Maurício Scalco (PL), por uma aliança de direita, e do prefeito Adiló Didomenico (PSDB) à reeleição, Alceu lança publicamente uma proposta:
— Há uma intenção de uma chapa encabeçada por Sartori. O PT definiu a Denise. MDB, PT e PDT são como "patinho feio" (no cenário que já tem os outros nomes colocados). Por que não se juntam todos? Cogitações não se perde nada em fazer. Vejo que tudo pode acontecer. Está tudo em aberto, está havendo diálogo. A conta que eu faço é sempre de somar, de multiplicar, nunca é de diminuir ou de dividir.
Ao lançar a proposta, Alceu sabe o tamanho que têm PT e MDB, que, aliás, é o mesmo tamanho do PDT, e que só cabem dois em uma chapa. Mas diz que ele e o PDT não são problema:
— Se não fizermos composição, não vamos a lugar nenhum. Sem nenhum problema (o lugar do PDT numa composição). Cada um tem de ter presente seu espaço e seu tamanho. Nunca pode dizer nunca.
O nó a ser desatado
A composição proposta por Alceu seria uma grande novidade na vida política caxiense. Atrairia naturalmente outros partidos, como o PSB. O problema central para o avanço de uma conversação com esse perfil é o MDB, que tem restrições severas ao PT. O presidente do MDB local, Carlos Búrigo, já deixou claro em outras oportunidades que o partido está aberto a conversar com partidos do centro para a direita. Do lado petista, o vereador Lucas Caregnato (PT) já sinalizou para a extensão possível de uma aliança.
— O limite é o plano de governo — definiu.
O que diz Alceu
Outros pontos de vista do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) sobre a sucessão municipal, em conversa com a coluna:
A melhor parte da política
- "A gente está conversando. Essas fases de composição não são tão fáceis. Isso é muito cedo. A melhor parte da política são as conversas."
Quando as coisas se definem
- "Vejo que tudo pode acontecer. Está tudo em aberto. Está havendo diálogo. As coisas serão definidas na janela (partidária para a troca de partido, entre 5 de março e 5 de abril). Ali é onde as abóboras se acomodam. Tomar uma posição hoje antes da janela é muito prematura."
Aliança com o Governo Adiló
- "É muito difícil, pelo modo que o prefeito nos tratou. A gente sempre foi tão companheiro. Depois que ele assumiu, ele esqueceu dos companheiros. Essa coisa de convidar vereador do PDT (Lucas Diel, para ser líder de governo) nos afastou muito.
Eleição para prefeito
- "Uma coisa é certa: não pense que a eleição de prefeito é igual eleição de presidente. Eleição de prefeito é muito diferente. As pessoas chegam mais perto e conhecem mais. Ninguém é Lula. (Maurício) Scalco não é (ex-presidente Jair) Bolsonaro."