Foi mais equilibrada do que se previa a votação do parecer da Comissão Processante que recomendava a absolvição do vereador Lucas Caregnato (PT), alvo de processo de cassação na Câmara de Caxias do Sul: 12 votos acolheram a recomendação da comissão pela absolvição e oito rejeitaram o parecer, votando, portanto, pela cassação. Mesmo assim, Caregnato ficou bem distante do impeachment. Eram necessários 16 votos para seu afastamento, e só houve oito. Faltaram outros oito. No caso de do vereador Sandro Fantinel (PL), faltaram três votos para ser cassado.
Desde a denúncia contra o vereador petista, protocolada pelo eleitor Lucas Suzin em abril, havia no ar a sensação de que ela estava atrelada, como contraponto político, à denúncia contra o vereador Fantinel. As duas situações foram relacionadas em discursos na Câmara, com o propósito de equilibrá-las para obter um resultado político, de rejeição à cassação de Fantinel. Um desses discursos, da vereadora Gladis Frizzo (MDB), deixou explícito:
– Hoje a gente pode estar julgando, amanhã a gente será julgado. Os pesos têm de ser iguais. É um peso e uma medida.
Coerente com seu enunciado, Gladis rejeitou a cassação de ambos, assim como fez Clovis Xuxa (PTB). Já Ricardo Zanchin (Novo) e Gilfredo De Camillis (PSB) fizeram exatamente o contrário e votaram pelo afastamento dos dois vereadores. O colega de bancada de Gladis, Felipe Gremelmaier (MDB), e o vereador Rafael Bueno (PDT) votaram pela cassação de Fantinel e pela absolvição de Caregnato.
Entre os que votaram pela absolvição do petista, chamaram atenção os votos de vereadores explicitamente alinhados à direita: além de Gladis, os de Adriano Bressan (PTB), Velocino Uez (PTB) e do próprio Fantinel, relator no caso de Caregnato. Porém, houve vereadores igualmente de direita, como Maurício Scalco (Novo), Olmir Cadore (PSDB) e Elisandro Fiuza (Republicanos), que salvaram Fantinel e votaram pela cassação do petista. Por fim, Alexandre Bortoluz (PP) e Juliano Valim (PSD) ausentaram-se da sessão no momento da votação.
Não houve um padrão no comportamento dos vereadores ao votar. Com Fantinel salvo, previa-se uma votação ainda mais favorável a Caregnato. Scalco chegou a brincar dizendo que “a direita salvou Caregnato”. Não foi para tanto, pois houve folga no placar a favor do petista. Ainda assim, os votos ideológicos arraigados se fizeram presentes.
Os votos alinhados
As bancadas de PT e PCdoB votaram pela cassação de Sandro Fantinel (PL) e pela absolvição de Lucas Caregnato (PT). Do outro lado, até de forma surpreendente, os votos dos vereadores Olmir Cadore (PSDB) e Elisandro Fiuza (Republicanos) foram os mais ideológicos, além de Maurício Scalco (Novo). Os três votaram pela absolvição de Fantinel e pela cassação de Caregnato. Isto é, entenderam que não houve quebra de decoro nas manifestações de Fantinel, mas houve na reação exaltada de Caregnato que deu origem à denúncia contra o petista.
Para tucanas e Diel, houve quebra de decoro
O vereador Lucas Diel (PDT) e as vereadoras Marisol Santos e Tatiane Frizzo, ambas do PSDB, que votaram pela cassação de Lucas Caregnato (PT), consideram que houve quebra de decoro na exaltação do petista em audiência pública sobre a Maesa. Marisol chegou a falar em uma forma de tratamento que considera abusiva contra a mulher – no caso, a chefe de gabinete da prefeitura, Grégora Fortuna dos Passos. Consideram que, havendo quebra de decoro, apontada pelo relatório da comissão, a consequência deveria ser a cassação. Assim, todos os vereadores tucanos, mais o líder de governo, Lucas Diel, rejeitaram o parecer pela absolvição.