O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc) decide em reunião nesta quinta-feira sobre pedido de demolição do prédio do antigo Moinhos Corsetti, na esquina das ruas Garibaldi e Os Dezoito do Forte, no centro de Caxias do Sul. O imóvel pertenceu à Corsetti Alimentos, que fabricava a Aveia Soberana, produto popular a partir dos Anos 50, que até hoje tem a inscrição estampada no alto da fachada lateral do prédio, na Rua Garibaldi (na foto). O projeto do prédio começou a ser feito em 1946 e a construção foi concluída por volta de 1954, tendo, portanto, quase 70 anos.
O pedido de demolição deu entrada no Compahc solicitado pela Ranpi Participações Societárias, empresa que, segundo Uez, consta na matrícula do imóvel. A Ranpi tem como atividade econômica principal descrita “holding de instituições não financeiras”. A edificação encontra-se fechada e deteriorada.
O presidente do Compahc destaca que, nas reuniões anteriores do conselho, foram nomeadas a Secretaria do Planejamento (Seplan) na relatoria do processo e a UAB (União das Associações de Bairros) como revisora. Ambos os pareceres, assinados por Margarete Bender, titular da Seplan, e Rúbia Frizzo, pela UAB, recomendaram a preservação e não demolição do prédio, com participação do representante da parte requerente, que se manifestou. A representação da Seaaq (Associação dos Engenheiros, Arquietos, Agrônomos, Químicos e Geólogos de Caxias) sugeriu que fosse feita uma visita para uma análise das condições do prédio e pediu vistas do processo. A visita foi feita e agora, nesta quinta, a Seaaq apresenta seu parecer.
Os três pareceres são subsídios para a votação pelos 19 conselheiros, que podem acolher o pedido de demolição ou rejeitá-lo totalmente, bem como recomendar a demolição parcial, “parte sim, parte não”, informa o presidente do Compahc, que tem o voto de desempate.
– O conselho é um órgão consultivo do governo municipal. O parecer (do conselho) é encaminhado ao senhor prefeito para tomar sua decisão.
Apesar da representatividade do conselho, Uez informa que já houve casos em que uma recomendação do Compahc não foi acolhida pelo governo.
O que fazer com o prédio
O pedido de demolição do prédio do antigo Moinhos Corsetti repercutiu na sessão desta terça na Câmara.
– O prédio está bloqueado faz anos. Muito mais importante que seja feito um centro comercial para dar mais vida pra cidade. Tem de pensar no desenvolvimento da cidade. Tombar aquele imóvel e bloquear ele acho que não é a solução – entende o vereador Maurício Scalco (Novo).
– Desenvolver a cidade tem vários aspectos. Um deles econômico. O fato de preservar aquele prédio histórico não quer dizer que ele não possa ser utilizado para a atividade econômica – contrapôs a vereadora Rose Frigeri (PT).
Alerta sobre marquises
A vereadora Rose destacou que parecer sobre o pedido de demolição diz que o prédio tem “valor ambiental, tradicional e de contabilidade muito grande para a estrutura urbana”.
– Ele (relatório) coloca a sugestão da restauração, e é isso que precisamos fazer: não deixar lá abandonado, estragando.
Já o vereador Gilfredo De Camillis (PSB) alertou:
– Passei ali um mês atrás. As marquises estão caindo. Já alertei como indicação (recomendação ao Executivo). Aquele prédio está abandonado e é uma tragédia anunciada aquelas marquises, estão aparecendo os ferros, caindo todo o reboco.