A aprovação de abertura de processo de cassação contra o vereador Lucas Caregnato (PT), consumada na sessão desta terça-feira (2/5) da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, produz uma relação política com o processo em andamento contra o vereador Sandro Fantinel (sem partido). Caregnato exaltou-se contra a chefe de gabinete da prefeitura, Grégora Fortuna dos Passos, durante audiência pública sobre o futuro da Maesa, no auditório da prefeitura (em 25/4), e ainda é acusado de dano patrimonial a uma porta do Centro Administrativo.
Ambos os requerimentos foram externos, isto é, assinados por eleitores, o que obrigou a Câmara a votar a admissibilidade na sessão seguinte. É nítido desde a sessão de quinta-feira (27/4), pelas primeiras manifestações de vereadores, horas depois de sobrevir o requerimento de processo contra Caregnato, que a tentativa é de que um caso interfira no outro. A manifestação mais explícita veio da vereadora Gladis Frizzo (MDB), naquela sessão:
– Hoje a gente pode estar julgando, amanhã será julgado. Os pesos têm de ser iguais.
A suposta relação direta que sugere uma barganha para livrar os dois vereadores, porém, não para em pé. Os vereadores de esquerda seguirão votando pela cassação de Fantinel, ou estariam chancelando o discurso contra os baianos. Impensável, ou abririam mão de convicções identitárias e humanitárias históricas. A relação mais evidente entre os dois processos de cassação agora abertos diz respeito a deixar os vereadores do campo da direita, parceiros ideológicos de Fantinel, mais à vontade para salvá-lo da cassação ou até cogitar de uma cassação do petista. Percebem o jogo mais equilibrado. Esses parlamentares poderiam se sentir embaraçados diante da pressão nacional.
Neste momento, as chances de Fantinel escapar da cassação aumentaram significativamente, sob o ponto de vista numérico. Os votos da esquerda seriam até desnecessários. Porém, o desgaste para a Câmara de Caxias do Sul e para a cidade, no caso de arquivamento do processo, seriam grandes, com repercussão e exposição nacional por “passar pano” à manifestação de Fantinel.
Gladis deu a senha
A vereadora Gladis Frizzo (MDB) havia falado na sessão de quinta-feira (27/4), que era contra dois pesos e duas medidas nos julgamentos a vereadores. Ao votar contra a abertura de processo de cassação contra o vereador Lucas Caregnato (PT), indicou caminho para a coerência pessoal e deu a senha sobre como procederá no processo de cassação do vereador Sandro Fantinel (sem partido).